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Dupla jornada afasta as mulheres da política
Jessica Cavalheiro
Do Diário do Grande ABC
30/08/2010 | 07:21
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Estudo feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o percentual de deputadas federais na Câmara pode aumentar 40% na próxima legislatura. Apesar da participação da mulher na política ter aumentado nos últimos anos, visto que nestas eleições duas mulheres aparecem com representatividade nas pesquisas de intenção de voto para Presidência da República, diferentes motivos levam a crer que a igualdade entre os sexos nos parlamentos pode demorar para acontecer.

Para a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), que representa a região do Grande ABC na Assembleia Legislativa, o acúmulo de funções das mulheres, que são ao mesmo tempo mães, esposas, trabalhadoras e donas de casa, dificulta o preenchimento das vagas que os partidos disponibilizam - todas as siglas são obrigadas a disponibilizar no mínimo 30% das vagas para cada sexo.

"Na política participativa, aquelas que as pessoas de um bairro se unem para reivindicar algo, por exemplo, a presença da mulher é muito maior que a do homem. O interesse delas de participar e debater os problemas é maior. Porém, na política representativa, que é disputar eleições e posteriormente assumir cargo legislativo, a vontade é menor, pelo acúmulo de funções que a mulher tem", afirmou a parlamentar.

Já a deputada estadual Ana do Carmo (PT), que também representa a região, acredita que a discriminação é o principal fator que impede a inclusão das mulheres nas disputas. "Ainda existe bastante preconceito com o sexo feminino. Sem apoio, dificulta o interesse delas pela política", observou.

Para a coordenadora do CIM (Centro Informação Mulher), entidade feminista de São Paulo, Marta Baião, a desigualdade entre os sexos chega a ser discrepante. "Ter 30% de mulheres para cada partido ainda é pouco. A ideia é que seja 50% para ambos os sexos."

O preconceito é tema bastante discutido quando o assunto é mulheres na política. Aliás, pesquisas mostram que até mesmo elas têm dúvidas se votariam em uma candidata. Na pesquisa Ibope divulgada sábado, a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT), cresceu mais entre as mulheres do que entre os homens. Mas, nem sempre foi assim. Nos levantamentos divulgados no início do ano, as eleitoras preferiam candidatos às candidatas.

O consultor político Marco Justino dos Santos diz que Dilma não é exemplo, já que tem como padrinho político o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, segundo ele, "nas eleições passadas, ouvia-se muitos comentários de que a candidata Heloisa Helena seria esmagada e não daria conta, por ser mulher."

Marco não fala em preconceito, mas avalia que como a política é vista de uma forma "suja", as mulheres preferem não fazer parte.

Marta Baião salienta ainda que, pelo histórico no Brasil, "as pessoas já colocam na cabeça que os homens é que governam e muitas vezes nem prestam atenção no que as candidatas têm a dizer. Isso precisa mudar, precisamos pensar no País de forma democrática e sem desigualdade."




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