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GM anuncia novo PDV para 3,4 mil
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
Com AE
08/02/2006 | 08:35
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Num esforço de quebrar a série de oito anos consecutivos de prejuízo, a General Motors iniciou ontem um programa de redução de custos, com a abertura de um novo PDV (Programa de Demissões Voluntárias) nas fábricas de São Caetano e São José dos Campos, no interior do Estado. O plano será destinado a todos os 3.456 funcionários do setor administrativo das duas unidades, informou a montadora. O prazo para adesão se estende até a próxima quarta-feira.

Não há meta definida para ser alcançada com esse PDV, destacou a GM. Do total de trabalhadores da área administrativa, a maior parte fica em São Caetano (2.902 empregados). Os outros 554 ficam em São José dos Campos.

Esse é o segundo programa de desligamento iniciado pela companhia em menos de um mês. A mesma iniciativa já está em andamento desde janeiro no setor de ferramentaria, que tem quadro excedente motivado pela escassez de contratos para o fornecimento de ferramentas usadas na produção de veículos.

O lançamento do programa de contenção de despesas foi anunciado ontem durante reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano (filiado à Força Sindical) sobre a ameaça de demissões na ferramentaria. O sindicato da categoria em São José dos Campos (vinculado à Conlutas) também foi comunicado no mesmo dia. No total, as duas fábricas da GM contam com cerca de 19 mil trabalhadores – 9.155 em São Caetano e 9.853 em São José dos Campos.

O anúncio surpreendeu os sindicalistas, que prometem protestar contra a medida a partir de hoje. O anúncio do novo PDV serviu para esfriar as negociações acerca da possibilidade de corte em massa na ferramentaria. Influenciadas por essa divulgação, essas conversações não avançaram ontem – apenas um novo encontro ficou agendado para a próxima sexta-feira.

Lucro – O plano de redução dos custos faz parte de um pacote para garantir que a GM reverta a situação de anos anteriores e feche 2006 com lucro. No ano passado, as atividades brasileiras tiveram prejuízos de US$ 160 milhões somente por conta da valorização do real frente ao dólar. Essa situação cambial prejudicou o desempenho das exportações.

“A GM permanece comprometida com seus programas de exportação, mas precisa ser ainda mais competitiva para compensar o impacto da valorização do real”, salientou a montadora por meio de nota. Além do PDV, a General Motors já havia anunciado, no ano passado, o corte de 20% das exportações para este ano – de US$ 1,5 bilhão em 2005 para US$ 1,2 bilhão em 2006.

A medida nas duas fábricas brasileiras chegou junto com o anúncio da redução dos salários do seu presidente mundial, Rick Wagoner, e de seus altos executivos. Outra iniciativa traçada pela matriz norte-americana foi cortar pela metade o dividendo anual para US$ 1 por ação. Com o corte – o primeira em mais de 13 anos –, a expectativa é economizar US$ 565 milhões por ano.

As estratégias da matriz fazem parte de um plano de reestruturação da multinacional, que teve prejuízo líquido de US$ 8,6 bilhões no ano passado diante dos altos custos com funcionários, perda da competitividade no mercado norte-americano e queda nas vendas dos seus veículos utilitários.

Manifestação – O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano realiza, a partir das 15h de hoje, uma manifestação em frente à GM para protestar contra o PDV aberto para o setor administrativo. A mobilização contará com dirigentes da Força Sindical.

“A situação aqui está piorando cada vez mais e não podemos admitir que a empresa desconte seus problemas nas costas dos trabalhadores”, lamentou o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

O presidente do sindicato de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, o Mancha, não descartou a possibilidade de realizar um protesto na unidade daquele município.

 



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