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Prefeitura de Diadema deixa vencer dois caminhões de medicamentos
Por Fabrício Calado Moreira
Do Diário do Grande ABC
10/02/2006 | 07:53
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A Prefeitura de Diadema deixou vencer, e pretendia queimar nesta quinta, cerca de dois caminhões de remédios. Entre eles, medicamentos que ainda estavam dentro do prazo de validade. O material estava estocado no almoxarifado da Prefeitura. O secretário de Saúde, Marcos Calvo, justificou a queima dos remédios dizendo que a maior parte deles é destinada a pessoas que têm doenças incomuns no município, como esquistossomose, e que têm pouca procura nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). De acordo com ele, os medicamentos não vencidos que seriam incinerados apresentavam irregularidades. O secretário não detalhou as irregularidade. Deu apenas um exemplo: soro com problemas no tubo.

O secretário afirmou ainda que é praxe a incineração de medicamentos vencidos. Essa, segundo ele, é uma exigência da Vigilância Sanitária. “Nós já íamos instaurar sindicância para apurar quem foram os responsáveis por essa irregularidade, se é que houve irregularidade”, afirmou Calvo. O secretário não informou a lista de remédios que seriam queimados. Nem a quantidade de remédios.

Segundo ele, a secretaria revê periodicamente a chamada Remune (Relação Municipal de Medicamentos Essenciais), que é discutida com médicos de várias áreas. Calvo contabiliza que hoje há cerca de 400 tipos de remédios na lista da Saúde, que já chegou a ter mais de 500. “Nós enxugamos isso”, explicou.

Calvo citou apenas dois remédios que seriam queimados e que, segundo ele, são distribuídos pelo governo do Estado: aerolin (usado no combate à asma) e ampicilina (antibiótico). Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o primeiro não faz parte do Programa de Alto Custo do governo, que só distribui princípio ativo e não medicamento de marca. Já o segundo, a secretaria informou que há dois anos não faz parte do programa Dose Certa, cesta básica com 41 medicamentos. Listagem que, segundo a secretaria estadual, é escolhida pelas administrações municipais, de acordo com a necessidade de cada município.

O delegado-assistente do 1º DP, Alexandre Luís Luengo, esteve no local quinta à tarde e disse que o caso será investigado. Luengo estimou que os medicamentos que seriam queimados lotariam dois caminhões. No almoxarifado, policiais apreenderam o equivalente a uma caixa de medicamentos ainda não vencidos e que estavam na parte destinada à incineração.

Descoberta – A descoberta de que os remédios seriam incinerados foi feita na manhã desta quinta pelos vereadores Lauro Miches (PSDB) e Vagner Feitosa (PSB), que receberam denúncias anônimas. Ao serem informados por funcionários do almoxarifado sobre o destino dos medicamentos, Michels foi ao Ministério Público, enquanto Feitosa ficou no depósito para impedir a retirada do material. Ao ser informado da denúncia, o promotor de Cidadania e Justiça de Diadema José Luiz Saikali determinou que fossem apuradas eventuais irregularidades. O promotor enviou ao local o oficial Cleber Adriano de Faria, que tirou fotos das caixas. Procurado nesta quinta à tarde para comentar o assunto, o promotor Saikali não retornou ao Diário.

Diante da presença de vereadores e do oficial de Justiça, o almoxarifado foi tomado por uma força-tarefa composta pela GCM (Guarda Civil Municipal) e por policiais militares, que bloquearam a entrada.



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