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Enquanto dorme

Exposição ‘Os Fins do Sono’ reúne artistas da arte contemporânea na Oma Galeria

Miriam Gimenes
17/02/2019 | 07:01
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Divulgação


Para alguns, o ideal é dormir, pelo menos, oito horas por noite. Para outros, metade disso já basta. O fato é que o sono é uma necessidade humana, tido por alguns como período de descanso e, para outros – os workaholics, principalmente –, como tempo perdido. E foi a fim de destrinchar este período de repouso que a Oma Galeria, em São Bernardo, reuniu artistas renomados da arte contemporânea e inaugurou a exposição Os Fins do Sono. A curadoria é das professoras e pesquisadoras Paula Braga e Aléxia Bretas.

A mostra coletiva, que reúne 11 obras, entre desenhos, fotografias, instalações, audiovisuais, montagens e plotagens, explora o sono como reserva existencial e política. Ela dispõe de diferentes sensações produzidas pelas múltiplas tensões entre o dormir, o sonhar, a insônia e o despertar. E há uma crítica àqueles que acham que enquanto dorme perde-se tempo e, portanto, dinheiro.

Entre os artistas convidados estão Beanka Mariz, Fernando Velázquez, Dani Tranchesi, Gustavo Von Ha e Ricardo Basbaum e Ana Teixeira. Esta última, por exemplo, transferiu para a parede um autorretrato que foi desenhado especialmente para a mostra. “Faço um contraponto à obra ‘O Sono da Razão Produz Monstros, do (Francisco) Goya, que dizia que o sono levava o ser humano a um estado de inconsciência. Usei como base a frase de Fernando Pessoa, que diz que o sonho é uma forma de raciocínio”, explica. Por isso, ao invés dos monstros presentes na obra original, colocou apenas um cachorro ao seu lado. Ela tem também uma série chamada Dormentes, em que retratou, em diversos lugares, pessoas que dormem nas ruas, que para muitos são invisíveis, e os transferiu para o papel.

Já a carioca Beanka Mariz expõe uma cama hospitalar junto a um soro intravenoso, que alude à patologia da convivência com a insônia. As fotografias de Dani Tranchesi remetem a espectros que perambulam em meio a um parque de diversões torturante numa espécie de pesadelo recorrente. “Procurei usar o tom branco com o lilás, que nos remete a ideia que temos de fantasmas. E como gosto que meu trabalho sempre tenha uma relação com o espectador, gosto de fazer com que ele pense, não simplesmente olhe a foto, coloquei um espelho dourado, que remeta a antepassados”, explica a artista. E por falar em sonhos, no vídeo de Gustavo Von Ha estão depoimentos que exaltam os delírios provocados enquanto dormimos.

O artista Ricardo Basbaum apresenta um áudio e diagramas plotados na parede que lembram que dormir não é a única estratégia para estar no aqui e agora, chamada Sem Sonho, Sem Sono. E, por fim, Fernando Velázquez explora a luz do néon, que atua como impeditivo do sono, em uma espécie de loop do estado de vigília. “Os humanos têm a capacidade de articular dados objetivos e subjetivos sobre o mundo exterior de uma forma particularmente densa e intrincada”, afirma o artista. Ele usa como ótica uma sociedade que se seduz pelos excessos e esquece que o sono é essencial e revigorante.

Os Fins do Sono – Exposição. Na Oma Galeria – Rua Carlos Gomes, 69, em São Bernardo. De terça a sexta, das 12h às 19h e, aos sábados, das 10h às 15h. Até dia 23. Gratuito.  




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