Cultura & Lazer Titulo Música
Sonhar sempre que for possível

Mestre Galo Preto, patrimônio vivo de
Pernambuco, lança seu primeiro CD aos 82

Por Miriam Gimenes
17/12/2016 | 07:00
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Divulgação


O filósofo René Descartes colocava a razão humana como a única forma de existência. Daí surgiu a conhecida frase, lema do movimento iluminista: ‘Penso, logo existo.’ Mestre Galo Preto. nascido no Quilombo Rainha Isabel, em Pernambuco, não precisou frequentar as melhores faculdades da Europa, a exemplo do pensador francês, para incorporar a frase à sua história. No seu caso, no entanto, houve uma ‘pequena’ adaptação e a oração passou a ser grafada como ‘canto, logo existo’.

E ela está descrita no texto de apresentação do seu primeiro disco, Histórias que Andei, que será lançado hoje, às 20h, no Itaú Cultural. Tomaz Aquino Leão, 82 anos, conseguiu o feito porque foi contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, um dos principais programas de fomento à Cultura do País. “É a realização de um sonho. Nem contava mais com isso”, diz.

O disco, produzido por Hugo Nascimento, tem 12 faixas que falam sobre a vida e sobre o cotidiano do pernambucano – declarado patrimônio vivo do Estado em 2011 – em ritmos como embolada (improvisação), samba e coco, com os quais se tornou mestre. O disco físico está em fase de finalização.

Além de registrar a memória musical do artista, que possui mais de 300 músicas escritas em seu acervo pessoal, o disco significa sua redenção. É que entre 1992 e 1994, sua morada foi uma cela em Pernambuco. Galo Preto foi acusado de participar de um ‘grupo de extermínio’ sem que houvesse nenhuma prova contra ele. Tanto que foi inocentado. “Estava envolvido com política, aproveitaram meu nome e me jogaram no lamaçal. Fiquei chateado, 11 anos no anonimato.”

Mas foi cantando que ele voltou a ‘existir’. Sim, porque além de participar de campanhas de importantes políticos antes do ocorrido, já havia se apresentado em programas com Dercy Gonçalves, Flávio Cavalcanti e na Discoteca do Chacrinha. Voltou aos palcos, então, em 2007 para não mais sair. “A música é minha praia, o que faço para viver. Ressurgi daí, do coco e da embolada.”

>Histórias que Andei – Show. Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149). Hoje, às 20h. Gratuito. Mais informações sobre o programa Rumos do Itaú Cultural no site www.itaucultural.org.br.




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