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Nunca é tarde para recomeçar

Rosa Melo, que já alcançou os 100 anos, lança
dia 12, em São Paulo, livro sobre artes plásticas

Por Miriam Gimenes
08/08/2016 | 07:00
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Divulgação


 Reza o dito popular que a vida começa aos 40 anos. Para a portuguesa de nascença e brasileira de coração Rosa Cabral de Melo, no entanto, essa ‘verdade absoluta’ não faz sentido. No alto dos seus quase 101 anos de idade, a artista plástica faz seu recomeço todos os dias. E é com essa vontade de viver que ela lança, no dia 12, a partir das 18h30, o livro independente Arte e os Segredos da Pintura em Cerâmica, Porcelana e Faiança (180 páginas, R$ 130, em média), na Livraria da Vila (Shopping Pátio Higienópolis – Av. Higienópolis, 618), em São Paulo.

O livro reúne as obras feitas por Rosa, que decidiu virar artista aos 70 anos de idade. “Cheguei na alta-costura porque precisei muito. Trabalhei bastante e sofria de constantes dores nas costas. Decidi, então, parar de costurar e aí me ocorreu: ‘O que eu vou fazer?’ Não sabia, mas entrei em um curso de pintura em porcelana e encontrei o que faria dali para frente.”

A artista aprendeu a costurar com um famoso alfaiate português. Chegou ao Brasil aos 23 anos, com o nato dom artístico e ao longo de 40 anos tornou-se uma das mais renomadas estilistas, contemporânea de profissionais como Dener, Clodovil e Ugo Castellana. Tinha clientes fiéis, entre elas mulheres da família Matarazzo.

Nas últimas três décadas, que teoricamente ela poderia usar para descansar do ofício inicial, algo que nunca conseguiu, ela aprendeu diferentes técnicas de pintura com profissionais bastante conhecidos, lançou um livro de costura e agora parte para a segunda publicação. “Um dia ela chegou com um rolo embaixo do braço, já com 97 anos, e pediu para que eu a ensinasse a usar a máquina de escrever, para digitar seu livro. Dei a ela um notebook, com todas as instruções de uso e ela rapidamente aprendeu”, conta a filha Odette Vieira. Segundo ela, embora a mãe diga sempre que quer descansar, não para de trabalhar nunca e os últimos feitos foram bolsas para festa confeccionadas de crochê. “Todas muito lindas e de um capricho ímpar.” Rosa também é mãe de Otávio e Weber.

O livro a ser lançado é acompanhado de encarte contendo caderno de desenhos que podem servir como molde. Ilustrado com fotos das principais obras, o exemplar traz também técnicas de preparo de tintas, esmaltes cerâmicos e paleta para combinação de cores. Com prodigiosa memória, Rosa enfatiza a importância de incluir na obra poesias, reflexões de vida e uma breve história da cerâmica, com curiosidades e dados sobre as origens desta arte milenar. “Com as minhas pinturas ganhei mais vontade de viver”, confessa. Uma lição de vida traduzida em arte.




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