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Freud provocou revolução na cultura ocidental
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
30/04/2006 | 09:21
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No próximo dia 6, Sigmund Freud (1856-1939) completaria 150 anos. Foi o médico que descobriu o inconsciente, inventou a psicanálise e desvendou uma nova fronteira. É o terceiro pilar do tripé de cientistas que jogaram por terra convicções narcisísticas do ser humano. Primeiro, Nicolau Copérnico (1473-1543) tirou a humanidade da concepção religiosa de centro do universo ao afirmar que a Terra gira em torno do sol e é apenas uma partícula num sistema de magnitude inconcebível. Depois, Charles Darwin (1809-1892) afirmou que o ser humano é uma espécie de origem animal. Sem ser o centro do universo nem ter origem divina, sobrou ao homem ser racional e senhor de seus atos. A pá de cal veio com Freud afirmando que nem nisso temos primazia. A conduta humana é regida pelo inconsciente.

Foi um rompimento radical com a filosofia racional do "penso, logo existo" a partir de sua principal obra, A Interpretação dos Sonhos (1899). É possível ser contra Freud – clinicamente, suas idéias ainda são discutidas –, mas é inegável não tê-lo como pensador que moldou o século XX e a produção cultural. E, no século XXI, ainda não é possível ficar sem suas noções de "complexo de Édipo", impulso e desejo sexual, sublimação e inconsciente, descobertas feitas com ajuda da análise de peças e obras literárias. Freud estava à frente de seu tempo. Mas há um mal-estar na cultura de massas de hoje e na sociedade organizada: descompromisso com a cultura. Freud, e quiçá esta reportagem, explicam.

Biografia

6 de maio de 1856 – Nasce Sigmund Freud em Freiberg, na Morávia (anteriormente pertencente ao Império Austro-Húngaro; hoje República Tcheca), filho do segundo casamento de seu pai.

1860 – Mudança da família Freud para Viena.

1873 – Freud ingressa na Faculdade de Medicina de Viena.

1876 – Trabalha no Laboratório de Ernst Burke e no Instituto de Fisiologia Cerebral de Theodor Meynert.

1884-1885 – Pesquisa os efeitos da cocaína; vai a Paris estudar com o médico Jean-Martin Charcot, neurologista que relacionou as manifestações histéricas com idéias fixas.

1886 – Martha Bernays torna-se sua mulher. O casal tem seis filhos.

1886-1888 – Freud abre consultório em Viena. Interessa-se por hipnose.

1889-1992 – Inicia amizade com Wilhelm Fleiss. Muda-se para Berggasse, onde vive cerca de 40 anos.

1891 – Sobre a Concepção das Afasias é seu primeiro livro publicado.

1893-1894 – Trabalha com Joseph Breuer em Estudos sobre a Histeria.

1895 – Pela primeira vez, o médico tenta analisar seus sonhos. Nasce Anna Freud.

1896-1898 – Freud cria o termo psicanálise. Descobre o "complexo de Édipo". Começa a auto-análise. Descoberta do inconsciente como sistema.

1899 – Em novembro sai A Interpretação dos Sonhos (primeira edição data de 1900). Freud o considera seu maior livro. Começa a análise de Dora, 18 anos.

1905 – Saem os livros Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade; O Chiste e a Sua Relação com o Inconsciente; e Fragmentos de Uma Análise de Um Caso de Histeria (sobre Dora).

1906 – Correspondência com Jung.

1908 – I Congresso Internacional de Psicanálise, em Salzburg. Viagem para os Estados Unidos.

1910 – II Congresso Internacional de Psicanálise e criação da Associação Psicanalítica Internacional. Carl Gustav Jung é escolhido presidente.

1913 – Freud rompe com Jung. Publica Totem e Tabu.

1918 – Perde a fortuna aplicada em títulos austríacos.

1920 – Fundação da Policlínica de Berlim e do Jornal Internacional de Psicanálise. Segunda teoria do aparelho psíquico: id, ego e superego.

1923 – Faz cirurgia contra câncer na mandíbula. Morte de seu neto, Heinz.

1935 – Primeiros volumes de sua obra completa.

1927 – Elege-se integrante da Sociedade de Psicanálise de Nova York, e depois da Sociedade Médica Real de Londres.

1930 – É publicado O Mal-estar na Civilização.

1933-1934 – Hitler é eleito chanceler alemão. Analistas alemães emigram.

1937 – Com Dorothy Burlingham e Anna Freud abre uma creche em Berlim e começa a estudar o comportamento infantil.

1938 – Os nazistas anexam a Áustria à Alemanha. Início de onda de prisões políticas e perseguições a judeus. O apartamento de Freud sofre uma busca e Anna é interrogada pela Gestapo. Freud e a filha emigram para a Inglaterra.

23 de setembro de 1939 – O câncer se agrava. Pede ao amigo, doutor Schur, que lhe aplique uma grande dose de morfina. Morre aos 83 anos.




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