Após ameaçar caminhar para a oposição ao governo de Mauá, o vereador Luiz Alfredo Simão (PSB) dará trégua à administração do prefeito Oswaldo Dias (PT). Em reunião com secretários municipais, o socialista ouviu garantias de que o Paço se empenhará em acatar suas propostas contra o despejo de 400 famílias que ocupam irregularmente área de 200 mil metros quadrados entre os jardins Paranavaí e Ipê, e a Vila Magini.

Proprietária da área, a Associação Canaã concordou em adiar por seis meses o prazo para a reintegração de posse, que expiraria dia 10. No período, a Prefeitura terá de apresentar projeto para a construção de moradias populares em parte do terreno, que seria cedido pela Canaã em troca do abatimento de sua dívida de IPTU, que está em R$ 9,5 milhões.

"Nenhum morador vai para a rua e a Prefeitura tem oportunidade de minimizar o deficit habitacional", considera Simão - Mauá possui deficit de 20 mil moradias. Os secretários de Habitação, Sérgio Affonso dos Santos, e de Assuntos Jurídicos, Ana Paula Ribeiro Barbosa, representaram Oswaldo no encontro.

Pela área a ser cedida, o governo poderá construir até 800 apartamentos. A Prefeitura tentará incluir o projeto no Programa Minha Casa, Minha Vida, captando recursos junto ao governo federal. As 400 famílias que invadiram o terreno seriam priorizadas. 

O parlamentar analisa que a boa recepção da administração se deu em virtude do temor de Oswaldo em tê-lo na oposição. "Mostraram que me ter do outro lado seria negócio ruim para eles. Acataram tudo", exalta.

Simão, no entanto, deixa em aberto sua condição perante o governo. "Vencemos uma batalha, mas não a guerra", atenta, sobre a relação instável. "Hoje estou na sustentação". 

SEM PAPAS NA LÍNGUA

O vereador deu ontem mais uma amostra de que a relação da bancada do PSB com a direção do partido possui feridas de difícil cicatrização - a principal é a determinação para os parlamentares apoiarem Oswaldo Dias. Simão ironizou declaração do presidente municipal da sigla, Carlos Thomaz, de que não está descontente com o prefeito.

"Não conversamos com ele sobre o que acontece nas sessões. Quando ele vê, o balde já está derramando", alerta, ao ratificar que tem tentado marcar reunião com o mandatário para debater os rumos do partido.