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A palavra do Capitão

Para o então presidente Lula, José Dirceu era o capitão do time. Era, enquanto esteve no governo; e depois de deixar o governo também

Do Diário do Grande ABC
03/02/2016 | 07:00
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Para o então presidente Lula, José Dirceu era o capitão do time. Era, enquanto esteve no governo; e depois de deixar o governo também. Como disse o próprio Dirceu, ele, quando dava um telefonema, “era o telefonema”. Dirceu também disse ao juiz Sérgio Moro que, quando fazia assessoria, seu trabalho era “personalíssimo”, pelo qual R$ 120 mil mensais se tornavam irrisórios. Certo: ninguém contratava Dirceu para ter aqueles relatórios pasteurizados com gráficos coloridos, bonitinhos, que nada analisam e nada significam. Quando dava consultoria, sabia que estar a seu lado ajudaria o cliente. Até agora ninguém tinha dito com tanta clareza o motivo pelo qual empresas e empresários queriam contratá-lo.

Prestemos atenção em Dirceu, pois; e há trechos em seu depoimento que estão passando despercebidos. Ele sabe das coisas. O que diz é para ser levado a sério.
1 – Todas as nomeações do governo passavam por ele, sim; e isso por ocupar a Casa Civil. Também tinha suas preferências, claro. Mas nenhuma nomeação era feita sem aprovação formal do presidente Lula. Se Dirceu fez, Lula aprovou.

2 – Dirceu diz que nem conhecia Renato Duque ao escolhê-lo para a Petrobras – Duque, diretor de serviços, está hoje preso. Mas que, entre Duque, indicado pelo PT paulista, e um nome do PSDB, preferiu o petista, mesmo porque o PSDB já tinha recebido um cargo em Minas. Ou seja, o PSDB também lhe indicava nomes. Os tucanos o desmentem com dureza, mas Dirceu não é burro: não diria isso ao juiz se não tivesse respaldo. Agora é investigar a palavra do capitão.

Mais latim, menos grosseria
Não, Valério Máximo não é um certo carequinha que, preso e condenado, passa o tempo propondo delações premiadas que até agora ninguém quis ouvir. Valério Máximo é o escritor romano que registrou a frase “Ne sutor ultra crepidam" – não vá o sapateiro além das sandálias. A frase tem mais de 2.000 anos, e até hoje há quem dê palpite no que não entende. O conhecido advogado Nilo Batista, ex-governador, não precisaria ter estudado Direito para defender seu cliente Lula com ofensas aos adversários. Para Batista, “Lula é achincalhado por coxinhas”. Mas cada cidadão, diz a lei, tem direito de ser coxinha, com o recheio ideológico que quiser; e tentar desqualificá-lo não é coisa de advogado famoso. Não há argumento, exceto insultos, para defender seu cliente?

Mais português
O apê que é ou não é do Lula é tríplex ou triplex? Tanto faz: o juiz da questão é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, que registra as duas formas. Usemos, então, a norma mais popular: triplex, duplex, com acento na última sílaba. O esforço dos jornais ao insistir em acentuar “tríplex” é comovente. Ah, se soubessem que há as duas formas!

O que é sem ser
Vamos resumir a história do triplex. A família Lula diz que o apartamento não é dela, porque em novembro de 2015 desistiu da opção de compra. Só que a assinatura consta de um documento de 2009. Deve ser a confusão da cooperativa que suspendeu as obras, né? A família visitou o imóvel na companhia do presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro. Coincidência: ele estava lá, veja só, quando os Lula da Silva chegaram. Deve ter sido também por coincidência que a OAS reformou a unidade 164 A, justo a reservada a Lula! Dizem que empreiteiros não têm coração. Mas quem poria mais de R$ 700 mil num imóvel sem ter pelo menos o compromisso de compra e venda? E pare de falar mal da mais honesta viva alma, seu empadinha acoxinhado: nunca viu uma coincidência?


Dilma no jogo
A pesquisa Ipsos, realizada em todo o País nos últimos dias, aponta a presidente Dilma com 6% de popularidade. Dilma está na disputa: pertinho do preço da gasolina, acima da ação da Petrobras e do dólar, perdendo ainda para a inflação. Todos os alertas estão acesos no governo: com apoio tão baixo, como: a) conduzir a administração; b) criar condições para eleger seu sucessor. E as coisas, conforme os avanços da Operação Lava Jato, podem piorar para o governo. 




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