No Carnaval marcado pela intensa fiscalização da prefeitura carioca, o irreverente Cordão da Bola Preta tomou mais uma vez a Avenida Rio Branco, no centro da cidade, mantendo a tradição.

Centenas de milhares se concentravam na região antes das 9h de ontem e seguiram da Cinelândia até a Avenida Presidente Vargas, cantando marchinhas, antigos sambas-enredo e o hino do maior bloco da cidade, cujo refrão apregoa: "Lugar quente é na cama, ou então, no Bola Preta!"

As camisetas brancas com bolas pretas estampadas foram as favoritas da multidão, mas muitos escolheram outras fantasias e até formaram alas. Um grupo de amigos de Santa Cruz, o bairro da Zona Oeste mais distante do centro, vestia lingeries e roupas de mulher: "Viemos fantasiados no trem lotado. Acordamos às 6h para chegar cedo", disse Bruno Mitrana, 21 anos.

O advogado Paulo Allevato, 55, foi à rua criticando a corrupção, com uma caixa de panetone na cabeça e com notas de dinheiro falsas nas meias. Ao lado da mulher, que conheceu há seis anos no desfile do bloco, ele elogiou o esquema de segurança e a organização do Carnaval de rua. "É ótimo ver a originalidade das fantasias, sem confusão, com mais policiamento e mais banheiros."

Apesar do aumento do número de banheiros químicos e mictórios, houve longas filas, e alguns foliões foram flagrados urinando em muros e bancas de jornal. Ao menos nove homens e uma mulher foram detidos e levados para a 1ª Delegacia de Polícia (centro).

A esperteza dos cariocas logo surgiu. Em uma das ruas, um grupo decidiu cobrar pelo uso dos banheiros químicos - que são públicos. Acabaram detidos e levados para a delegacia. A Guarda Municipal também retirou vendedores ambulantes das ruas.