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Ceumar para o povo de lá

Cantora brasileira já lançou quatro discos no país elogiados pela crítica e agora batalha carreira internacional na Holanda

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13/02/2010 | 07:00
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Depois de lançar quatro discos no Brasil elogiados pela crítica e arrebatando um público seleto, mas fiel, a cantora Ceumar partiu para mostrar sua arte ao ‘povo de lá', nesse caso especial aos holandeses. Com sua voz doce e cheia de ternura a mineira, que toca violão desde os 16 anos, traça agora uma carreira internacional.

"Desde 2006 tenho feito shows aqui na Holanda, mas, depois que me casei com o músico e produtor holandês Ben Mendes, os laços foram se estreitando e decidi vir em definitivo pra cá", afirma.

Segundo ela, está vivendo uma fase de total adaptação. Ceumar define Amsterdã como sendo uma cidade multicultural. "Há mais de 170 nacionalidades contabilizadas aqui, gente do mundo todo. Os músicos estão atualizados com todas as tendências mundiais e sinto que há espaço pra a música brasileira além dos clichês".

Durante o projeto Plataforma Brasil x Holanda, promovido pelo Sesc-SP também no ano de 2006, Ceumar participou como convidada para cantar com o grupo holandês Mike Del Ferro trio formado pelo pianista, compositor e arranjador Mike del Ferro, pelo brasileiro Zé Alexandre (baixo acústico) e Olaf Keus (bateria). Desde então tem feito shows com eles por todo o país e na Bélgica. "Gravamos um CD ao vivo ano passado no Tropentheater e estamos finalizando para lançar este ano."

Em entrevista concedida por e-mail, Ceumar fala dos novos planos e não descarta a possibilidade de cantar em outras línguas. Ela também investe em parcerias inusitadas.

Como foi a experiência de gravar suas próprias composições em Meu Nome, o resultado foi satisfatório?

CEUMAR - Sim, com um sabor diferente dos outros CDs. Especialmente por estar cantando sozinha com meu violão. E registrar minhas músicas foi importante num momento de mudanças e crescimento pessoal. Fiz vários shows pelo País (Curitiba, Salvador, Crato, Brasília, interior do Estado) mostrando este registro ‘ao vivo'. A aceitação foi bacana. Meu marido é produtor, e idealizou o CD comigo, gravamos no teatro Fecap em Sampa e mixamos em Amsterdã. É o primeiro CD do selo Circus, em parceria com o Guto Ruocco. Já estamos caminhando para a segunda prensagem, pois temos uma estrutura de distribuição coerente com nossa realidade e fazemos um trabalho apaixonado.

Uma das coisas mais bacanas do seu trabalho é a diversidade sonora. Quais suas referências e inspirações para esse trabalho?

CEUMAR - Eu gosto de ritmos, desde o primeiro CD, no qual gravei um coco de embolada, um maxixe... Adoro a riqueza rítmica que temos e tento compor inspirada no que ouço de mais tradicional na MPB: samba de roda, afoxé, chorinho...

Daqui pra frente como fica o Brasil na sua programação?

CEUMAR - Temos um projeto de turnê por dez cidades do Brasil aprovado pelo Ministério da Cultura, iniciando a captação. É um grande sonho realizar shows com a estrutura adequada em locais onde tenho público, mas ainda nunca cheguei. O show do último CD Meu Nome está vivo e pretendo voltar sempre que possível para cantar no Brasil.

Pensando em uma carreira internacional você pretende cantar em outras línguas?

CEUMAR - Eu gosto de experimentar coisas novas. Cantei e gravei um CD com um grupo africano /holandês (www.Myspace.Com/kokoura). Mas sinto que o português tem uma beleza sonora que abraça as pessoas de uma forma mais ampla. Quero continuar cantando na minha língua! Mas às vezes tento compor em inglês, talvez para ser melhor entendida. Já a carreira internacional é algo que acontecerá naturalmente, se me quiserem ouvir pelo mundo! Ainda não cheguei ao Japão, aos EUA... Muitos lugares...

Gostaria que você comparasse o mercado musical europeu e o brasileiro?

CEUMAR - Não vejo muita diferença no mercado. Há projetos bacanas com as mesmas dificuldades para serem realizados. Grupos novos que não têm distribuidoras nem sequer produtores. Todos na batalha, como no Brasil. O que nos une agora é a internet, novas formas de distribuição e divulgação da música e das artes. Na Holanda há uma pequena estrutura em cada cidadezinha, teatros, até antigas igrejas funcionam como centros culturais. Mas é preciso chegar até lá e mostrar sua arte. É o que estou tentando fazer! Participei aqui de uma mostra em dezembro (algo como o Mercado Cultural da Bahia) para produtores, e foi interessante para fazer contatos. É algo que aprendi desde cedo: não esperar milagres, trabalhar com atitude e imaginação, acreditando na função artística como um grande campo de trigo.

E quanto ao papel da mídia na divulgação do seu trabalho e de outros músicos? Você acha que tem a visibilidade merecida?

CEUMAR - Às vezes me sinto uma estranha no ninho, aqui ou em qualquer lugar. A música que faço não é produzida para venda, e sim para o enlevo. É difícil disponibilizar este material de uma forma artística. Mas com dez anos de carreira fonográfica (o Dindinha foi lançado em 2000) eu me sinto vitoriosa! Desde que comecei percebo um público crescente, interessado. Tenho algum espaço em veículos de comunicação, mas são raros e cada vez menos acessíveis. Mas reitero: percebo cada vez mais a independência artística como uma vitória, algo que conquistamos apesar das portas fechadas. No mundo virtual tudo fica claro, visível. Independente de ter ou não um superesquema por perto pode-se trabalhar com dignidade e liberdade.




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