O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC projeta, em 2015, ter seu maior orçamento da história – com estimativa inicial de R$ 32 milhões – e boa parte deste recurso passará pelas mãos de Hamilton Lacerda (PT), ex-vereador de São Caetano, atual diretor de projetos da entidade e protagonista do escândalo dos ‘aloprados’ de 2006.

Com cargo de destaque na instituição (remuneração mensal de R$ 9.587,21) e proximidade com o prefeito de São Bernardo e líder do colégio de prefeitos, Luiz Marinho (PT), Lacerda é responsável pela coordenação de ações de caráter regional e preparação de planilhas de aporte a ser solicitado ao governo do Estado e à União.

Ao lado do secretário executivo do Consórcio, Luís Paulo Bresciani (PT), Lacerda terá R$ 5,2 milhões em recursos federais para elaboração de projetos futuros de Mobilidade Urbana ao Grande ABC. A transferência do dinheiro oriundo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi autorizada na mês passado, juntamente com obras de quatro corredores de ônibus que envolvem as sete cidades.

O ex-vereador e candidato a prefeito de São Caetano derrotado em 2004 é réu em processo que corre na 7ª Vara Criminal de Justiça do Mato Grosso pelo envolvimento no caso dos ‘aloprados’.

Lacerda, então integrante da coordenação da campanha estadual de Aloizio Mercadante (PT), foi apontado como responsável por transportar suposto dinheiro para compra de dossiê contra José Serra (PSDB) em plena eleição para o governo do Estado. A intenção, segundo investigação da PF (Polícia Federal), era ligar Serra à máfia dos ‘sanguessugas’, esquema de venda de ambulâncias superfaturadas para prefeituras paulistas .

Circuito de câmeras de segurança de hotel próximo ao Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da Capital, flagrou o petista entregando sacolas ao ex-policial federal e filiado ao PT Gedimar Pereira Passos, em setembro de 2006.

Lacerda nega participação na possível compra de dossiê contra Serra. À Justiça, alegou que carregava roupas, notebook e material de campanha.

O nome ‘aloprados’ foi designado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ícone máximo do petismo. A PF, à ocasião, prendeu dois petistas: Gedmiar Pereira Passos e o empresário Valdebran Padilha, tesoureiro informal do PT. Ambos estavam com R$ 1,7 milhão, em espécie, divididos em cédulas de reais e dólares.

Lacerda não foi localizado para comentar seu trabalho à frente do Consórcio.