Brickmann Titulo
Berço esplêndido

Delúbio Soares, que foi tesoureiro do PT, acabou expulso do partido e é um dos 39 réus do caso do Mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal

Carlos Brickmann
25/03/2009 | 00:00
Compartilhar notícia


Delúbio Soares, que foi tesoureiro do PT, acabou expulso do partido e é um dos 39 réus do caso do Mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, quer voltar ao PT. Dois terços do comando partidário o aceitam de volta.

E por que não? Delúbio é réu, mas não foi condenado (e, se Sílvio Pereira, que na denúncia ao Supremo era mencionado como um dos chefes do grupo mensaleiro, fez acordo com a promotoria, que desistiu do processo por que não ele?). É fundador do PT; e, exceto por motivos eleitorais (eventual exploração política de seu retorno na campanha presidencial), por que impedi-lo de aninhar-se ao lado de velhos e fiéis companheiros como Berzoini, Tarso Genro, José Eduardo Cardozo, Genoino, Luiz Gushiken, Arlindo Chinaglia, Tião Viana?

Hoje está cada vez mais claro que a expulsão de Delúbio Soares foi jogo de cena, para acalmar a opinião pública. Ele foi o bode expiatório. Os outros acusados continuaram tranquilamente no partido, sem problemas, sem repressão. E ninguém se preocupou também com a vida pós-partidária de Delúbio - uma vida que todos conhecem e que a todos pareceu absolutamente normal. Pelo que se sabe, ele é professor licenciado em Goiás; e dos proventos mantém seu sustento e o de sua família, o que inclui as viagens por todo o País para articular a volta ao partido. Dali certamente retirou também o necessário para alugar os carros blindados em que costumava locomover-se bem depois de deixar o partido.

Que seja aceita, portanto, a volta de Delúbio. Lugar de petista é no PT.

LULA, O PROBLEMA

Delúbio Soares tem maioria para voltar ao partido, mas tem também um adversário de peso que pode barrá-lo: o presidente Lula. O motivo é que a volta de Delúbio criaria novos argumentos para que os partidos adversários atacassem os candidatos do PT não só na campanha presidencial, mas também nas estaduais.

PERDIA

Tudo indica que a Perdia, fusão da Sadia com a Perdigão, será acertada nesta semana. Só há um obstáculo no caminho: uma empresa americana de alimentos, que estuda uma oferta pela Sadia. A fusão tem apoio do governo (a Perdigão é controlada por fundos de pensão estatais) e será financiada pelo BNDES.

EL MUNDO LOCO

O Supremo Tribunal Federal determinou a expulsão dos produtores de arroz da reserva indígena Raposa/Serra do Sol. E para onde vai o líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero, aquele que aparecia na TV pregando a resistência armada? Sente-se: vai para a Venezuela, a convite do presidente Hugo Chávez. Chávez pode ter todos os defeitos, mas não é bobo; e, como precisa ampliar a produção de alimentos, que seria mais eficiente do que chamar gente que entende do assunto? Quartiero deve plantar soja e milho, mais consumidos na Venezuela do que arroz. E poderá escolher as terras que o governo de lá lhe dará de graça.

O MUNDO LOUCO

Continue sentado: o Conselho Nacional de Saúde abriu um livro de assinaturas de apoio à sua proposta de transformar o SUS, Serviço Único de Saúde, em Patrimônio da Humanidade. As assinaturas serão enviadas à Unesco, órgão da ONU para Educação, Ciência e Cultura, que concede o título. Não deixa de ser um orgulho para nós, brasileiros: os canadenses, suecos, dinamarqueses, ingleses, poderão aposentar seus obsoletos sistemas de Saúde Pública e trocá-los pelo verde-amarelo SUS, que tão bons serviços presta ao Brasil, sil, sil.

TOMARA

O presidente Lula anuncia hoje o plano de financiamento de 1 milhão de casas de baixo custo em todo o País. É uma meta ambiciosa, difícil de alcançar; mas é um bom passo no caminho certo. Construção civil dá emprego, movimenta a economia, ocupa gente rapidamente, sem necessidade de grande treinamento, resolve parte do problema da habitação popular. Se forem atingidos 10% da meta, ótimo; já é um grande avanço. Se chegarmos mais perto da meta, melhor.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;