Economia Titulo Aos 65 anos
Bombril busca renovação
e investe em cabelos

No ano passado, a empresa obteve crescimento
quase cinco vezes maior que média do mercado

Por Andréa Ciaffone
Diário do Grande ABC
18/05/2013 | 07:15
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Orlando Filho/DGABC


Além das suas 1.001 utilidades, a lã de aço Bombril tem a de funcionar como sinônimo para cabelo ruim. Por isso, a maioria das pessoas acha curiosa a notícia de que a empresa agora está investindo em produtos para cabelos. Com 65 anos de operação, cerca de 500 produtos de 28 marcas no mercado, a companhia com sede em São Bernardo vive momento de expansão.

Em 2012, a Bombril cresceu 16% em faturamento, índice quase cinco vezes maior que a média do mercado de higiene e limpeza, que ficou em 3,5% no mesmo período. Com os cofres cheios e as dívidas equalizadas, a firma investe agora no lançamento de produtos tanto no setor em que tradicionalmente atua quanto na presença em outros segmentos, como é o caso dos cosméticos.

"São poucas as empresas que entendem tão bem as brasileiras quanto a Bombril. E foi estudando a evolução das suas aspirações que resolvemos entrar no ramo da beleza", diz Marcos Scaldelai, diretor comercial, marketing e P&D da Bombril. "Hoje, além de saber que a sua casa está limpa e organizada, as mulheres querem se sentir bonitas e investem nisso. A autoestima feminina é valorizada no mercado de trabalho e, por isso, elas não deixam de investir na sua própria aparência", comenta o executivo. De acordo com a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o setor cresce, em média, 10% ao ano, nos últimos 17 anos.

NOVO MERCADO - Fundada em 2011, a divisão Bril Cosméticos nasceu com a aquisição da marca Ecologie, que tem nos princípios ativos naturais e posicionamento ecologicamente correto seus principais diferenciais. Com 25 anos de história, a firma adquirida por Ronaldo Sampaio Ferreira, proprietário da Bombril Holding, foi uma das primeiras do Brasil a importarem proteínas vegetais, para evitar a utilização de ingredientes derivados de sacrifícios de animais em seus produtos. Com a aquisição, a Bril já nasceu com portfólio de cerca de 140 produtos sob quatro marcas, Ecologie, Natural Pro e Raízes (da antiga empresa) e desenvolveu a linha Joy!, voltada para jovens de 15 a 22 anos.

"Percebemos que a consumidora quer tecnologia como valor agregado tanto quanto quer correção ecológica. Ela quer ficar bonita, quer a casa limpa, mas não quer agredir o planeta. Quer a natureza preservada para seus filhos", diz Scaldelai. Diante da preocupação ambiental das brasileiras, a Bombril lançou em 2011 a Ecobril, com linha 100% ecológica para a limpeza. Todas essas iniciativas ajudam a companhia a chegar mais perto do seu principal objetivo mercadológico: rejuvenescer e modernizar a marca para crescer junto às mulheres mais jovens. Por isso, a preocupação por adequar a linha de produtos e a comunicação no sentido de seduzir as novas gerações.

Nos próximos anos, a empresa planeja lançar ainda produtos para bichos de estimação e para limpeza de automóveis.

Administração desastrada nos anos 1990 levou à perda da liderança

Sob o controle do grupo italiano Cragnotti & Partners, que em 1991 adquiriu 2/3 das ações da Bombril, vendidas por dois dos três filhos do fundador, Roberto Sampaio Ferreira, a empresa quase pereceu. Por 15 anos, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento desaceleraram, as verbas publicitárias minguaram, as vendas diminuíram e as dívidas cresceram.

No começo dos anos 2000, diante da forte concorrência da Assolan, a Bombril chegou a perder a liderança em vendas em lã de aço em algumas regiões do País. Depois de uma intensa batalha na Justiça, em 2006, Ronaldo Sampaio Ferreira, o filho que não tinha vendido a parte dele para os italianos, conseguiu, na decisão judicial, anular a venda nos anos 1990 e reassumir o comando da empresa.

De lá para cá, a Bombril retomou sua vocação para a inovação e para comunicação e vem crescendo em ritmo acima da média do seu setor. Graças aos bons resultados, a previsão é zerar os débitos até 2018.




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