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Genéricos, planos de candidatos ao Estado ignoram a região

Programas de governo dos postulantes ao Palácio dos Bandeirantes esquecem problemas da região

Fábio Martins
do Diário do Grande ABC
26/08/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Melhorar, ampliar, estimular, desenvolver e fortalecer. Esses são os termos mais inseridos nos planos de governos dos candidatos ao Estado de São Paulo, que apresentam ações genéricas em torno das promessas firmadas para os próximos quatro anos e não contemplam de maneira efetiva o Grande ABC. De acordo com levantamento do Diário, analisado em cima dos documentos protocolados pelos postulantes junto à Justiça Eleitoral, os programas ignoram os principais gargalos ligados à região, com 2,7 milhões de habitantes. 

A título de curiosidade, não existe sequer menção direta às sete cidades nos planos de governo. Dois itens isolados – um consta no texto do ex-prefeito paulistano João Doria (PSDB) e outro do ex-chefe do Executivo de São Bernardo Luiz Marinho (PT) – citam a Represa Billings, que boa parte de sua margem está situada no Grande ABC. E só. Até por conta da superficialidade das propostas em geral, outras regiões administrativas, diga-se de passagem, também são pouco lembradas. Mesmo assim, há projetos de alguns quadros do páreo relacionados à Baixada Santista, São José dos Campos e Campinas, por exemplo.

Problemas centrais da região, como o deterioramento da Avenida dos Estados – tendo como saldo a queda de duas pontes e crateras no trajeto, às margens do Rio Tamanduateí –, a Mobilidade Urbana, incluindo a falta de efetivação no contrato da Linha 18-Bronze, que ligaria a região à Capital por monotrilho (veja mais na página 4 do caderno Política), e a ausência de reforma e novas plataformas de estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), além do atraso no compromisso de descentralização da farmácia de alto custo ficaram de fora das páginas dos programas de governo. O documento de Paulo Skaf (MDB) menciona ideia de facilitar acesso com aumento de pontos de distribuição, mas não especifica o local das unidades. 

Esse cenário acontece apesar de o pleito registrar número elevado de candidaturas, 12 no total, e duas delas, inclusive, terem ligação com a região. Além de Marinho, que comandou o Paço de São Bernardo entre 2009 a 2016, a lista de postulantes contém Lisete Arelaro (Psol), secretária de Educação de Diadema quando a Prefeitura era gerida por José de Filippi Júnior (PT). A coligação do Psol não formalizou o documento no sistema, embora seja determinação da Justiça Eleitoral.

No geral, os programas parecem servir apenas cumprir justamente a legislação. Prova disso é que o plano de Marcelo Candido (PDT), ex-prefeito de Suzano, tem somente três páginas, refletindo a decisão às pressas de sua candidatura na empreitada majoritária. A definição se deu às vésperas da oficialização do prazo permitido por lei. Até então, o PDT estava no arco de alianças do governador Márcio França (PSDB), candidato à reeleição. Os planos, em sua maioria pró-forma, compreendem teor político, com propostas que dificultam a escolha do eleitor.

Marinho elenca, no texto, reafirmar no Estado o compromisso do plano de governo do ex-presidente Lula de vencer o desafio de refundar e aprofundar a democracia no Brasil, na contramão do avanço do conservadorismo no cenário internacional. Alega que para São Paulo e País voltarem a crescer a prioridade absoluta será a geração de empregos. “O governo (Michel) Temer (MDB) provocou, com apoio do PSDB de (Geraldo) Alckmin e Doria e do MDB de (Paulo) Skaf, uma tragédia social no Estado: o desemprego atinge 3,5 milhões de pessoas (14%).”

Marinho inclui na peça duplicar investimentos e entregar linhas de Metrô e monotrilho interrompidos e construir pelo menos duas linhas relevantes de trens intercidades, só que não detalha as localidades. Doria, por sua vez, assinala que seu programa de mobilidade propõe ações para acelerar a conclusão das obras de todas as linhas do Metrô e da CPTM que estão contratadas e em andamento, porém também não fala quais obras. Ao Diário, o tucano se comprometeu a instalar na região unidade do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) – esse pormenor não está registrado. 

No posto há quatro meses, França fala em acelerar os investimentos nas linhas de Metrô e trens com novos terminais e estações, modernizando os existentes. Mais uma vez não há especificações.  




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