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Incerteza política ameaça gráficas
Por Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
22/04/2006 | 08:24
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A crise política em Brasília pode acabar com os sonhos de grandes resultados na indústria gráfica em 2006. Normalmente, ano de Copa do Mundo e de eleições gerais significa crescimento para a setor em todo país. Mas até agora as empresas não estão percebendo os resultados esperados.

“O que a gente está vendo é que o ano ainda não começou”, conta o gerente comercial Ferdinando Valle, da Aquarius Acabamento Gráfico, em Diadema. “Não vimos a movimentação ganhar força. O que percebemos é que está muito flutuante, com períodos parados e outros com muitos pedidos. Isso é ruim porque, se num momento não temos trabalho, em outros temos de recusar oportunidades porque não damos conta.”

A Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) espera um crescimento nominal de 10% em 2006, metade disso apenas com os ganhos na Copa do Mundo e nas eleições. Mas já começa a notar que a movimentação ainda não engatou no começo do ano. O presidente da Abigraf, Mário César de Camargo, afirma que é possível uma revisão dos cálculos iniciais. “Se não houver uma movimentação nos próximos 15 dias, vamos ter uma reversão de expectativas. No começo de abril temos a movimentação da Copa. Se continuar desse jeito, vamos ter de recalcular o crescimento”, diz.

A falta de serviço no começo do ano foi como uma ducha fria nas expectativas das gráficas da região. É o caso da Aquarius. “O que a gente projetou no planejamento do final do ano passado foi um crescimento representativo, justamente por causa dos eventos desse ano e do Plano Nacional do Livro Didático do governo federal, que é o mais representativo dos últimos três anos”, conta Valle. “O nosso planejamento do final do ano passado indicava um crescimento de pelo menos 30%, o que é extremamente ousado. Agora revisamos esse número para 20%.” Para Valle, “O que aparentemente está causando isso é a crise política, que gera muita dúvida e desconfiança entre os empresários”, diz.

“Geralmente a movimentação maior começava simultaneamente com o Carnaval. Temos então dois meses perdidos. Um terço do ano passou e o crescimento forte ainda não veio. O que esperamos é que de maio em diante comece a aumentar o movimento e não pare mais”, diz o gerente.

É o que espera a Abigraf: reverter o quadro e recuperar o tempo perdido. “Ainda estamos otimistas. Fizemos uma sondagem do primeiro semestre e o aumento em relação ao ano passado foi pequeno, de 2%. Mas foi um aumento. Vamos ver o que vai acontecer daqui em diante”, diz Camargo.

De qualquer modo, o presidente da Abigraf prevê que os ganhos com a Copa e eleições neste ano serão maiores do que na última vez que ambos aconteceram, em 2002. Naquele ano, o incremento que os eventos ofereceram foi de US$ 176 milhões, menos da metade do previsto para esse ano, de US$ 380 milhões. “Em 2002, tivemos uma campanha eleitoral bastante conturbada, com situação econômica indefinida. Neste ano, isso não existe. Conhecemos o candidatos e sabemos quais são suas políticas econômicas”, conta.  

Mesmo com as perspectivas incertas, as gráficas vão manter os investimentos previstos no final do ano passado. “Temos um plano e não vamos mudar. Planejamos investimentos em equipamento, treinamento de pessoal e melhora nas instalações. Isso vai continuar, quer o governo coopere ou não.

As gráficas menores também vão aproveitar o ano eleitoral para incrementar a produção. É o caso da GET, em Santo André, que não fazia produtos de campanha, mas agora está expandindo para pegar uma fatia desse mercado. “Pretendo pegar mais negócios neste ano e aproveitar a onda eleitoral”, conta Ademir Ramiro Pinto, sócio da empresa. “Comprei um maquinário novo e pretendo instalar na semana que vem. E ainda esse ano pretendo contratar mais pessoas, para ajudar na produção.” Ramiro está otimista: “A expectativa para esse ano é boa, e esse mercado que a gente vai explorar vai crescer bastante”, diz.




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