Cultura & Lazer Titulo
Experimentalismo no palco
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
02/02/2010 | 07:00
Compartilhar notícia


Quem não pôde conferir no ano passado as peças "Comunicação a Uma Academia", "Festa de Sepação: Um Documentário Cênico" e "Cachorro Morto", ganha nova chance por meio da Mostra da Temporada 2009 do Projeto Vitrine Cultural, do Teatro Imprensa, em São Paulo. A abertura é quinta-feira.

Todos os espetáculos marcam um ambicioso projeto de seleção das produções mais experimentais realizadas no ano passado, com objetivo de formação de público. Os três espetáculos ficam em cartaz até o fim de março. O ingresso pode ser trocado por uma lata de leite em pó ou adquirido por R$ 10, com toda a renda revertida para a Cruz Vermelha.

Comunicação a Uma Academia - que abre a seleção na quinta - é um monólogo dramático adaptado do conto homônimo do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924). Na peça, a atriz Juliana Galdino interpreta um macaco que se transformou em humano e faz relato à plateia sobre o processo de humanização. por este papel, Juliana concorre ao Prêmio Shell de melhor atriz.

"A questão central do texto é sobre deixarmos de ser quem somos, abandonarmos nossa identidade para pertencermos a um grupo social. A peça é uma metáfora muito forte sobre toda forma de aculturação e colonização", comenta Roberto Alvim, diretor do espetáculo.

"Festa da Separação: Um Documentário Cênico", que reestreia sábado, traz inusitado registro de casal que decide se separar e começa a fazer festas para celebrar o desenlace. No palco, a atriz Janaina Leite e o músico Fepa, que viveram essa situação na vida real, mostram para o público, por meio da encenação e de recortes de gravações das festas que fizeram, que é possível desfazer um relacionamento sem perder o amor.

"Tentamos destruir o estereótipo de que toda relação deve acabar em briga. Discutimos sobre como podemos ser mais criativos e genuínos em relação aos começos e finais de nossas histórias, sempre podendo criá-las de maneira diferente", conta Janaina.

Às terças e quartas, a partir do dia 9, Cachorro Morto completa a programação, trazendo, em um texto repleto de metalinguagens, a história de garoto portador da síndrome de Asperger, um transtorno que afeta o relacionamento interpessoal e a comunicação. O garoto, interpretado por cinco atores, define seu cérebro como um computador capaz de resolver complicados problemas matemáticos, mas incapaz de lidar com emoções. Um dia, é preso acusado do assassinato do cachorro do vizinho. Na cadeia, tenta descobrir quem matou o animal.

"O texto fala muito sobre o racional e o emocional. Sobre como o matemático, o frio e o calculável também podem ser dotados de abstrações", conta o diretor e autor da montagem Leonardo Moreira.

Comunicação a Uma Academia, 5ª e 6ª, às 21h; Festa da Sepação: Um Documentário Cênico, sáb, às 21h, e dom., às 19h; e Cachorro Morto, ter. e 4ª, às 21h. Teatro Imprensa - Rua Jaceguai, 400, São Paulo. Tel.: 3241-4203. Ingr.: 1 lata de leite em pó ou R$ 10. Até 31 de março.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;