Cultura & Lazer Titulo Teatro
Loba que vive a paixão

A atriz Christiane Torloni traz peça 'A Loba de Ray-Ban'
de Renato Borghi para o Teatro Municipal de Santo André

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
09/06/2010 | 07:00
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Christiane Torloni traz para o Grande ABC a paixão, a traição e o abandono vividos por sua personagem em "A Loba de Ray-Ban". As encenações serão no fim de semana, no Teatro Municipal de Santo André.

A peça escrita por Renato Borghi, que voltou ao cartaz 22 anos depois da versão original - na época com Raul Cortez como protagonista -, muda de lobo para loba, mas a alteração de gênero, para Christiane, não modifica o resultado do produto. "Homens e mulheres têm maneiras diferentes de se relacionar com as mesmas questões, mas não há diferença de profundidade. Só muda a visão", entende a atriz.

O espetáculo conta a história de Júlia, atriz que interrompe uma apresentação teatral para discutir junto ao público, seu marido (Leonardo Franco) e sua amante (Maria Maya) a crise existencial e afetiva que assola sua vida.

O teatro é reproduzido no cenário. Camarins, coxias e o metalinguístico palco resvalam os melodramas teatrais e os originais, do excesso de paixão vivido pelo triângulo amoroso. "O público é voyerista, quer saber o que acontece na coxia. Isso é o maior tempero do espetáculo, um barraco armado na frente da plateia", diz a atriz.

A bissexualidade na relação entre as personagens de Christiane e Maria é outra das fórmulas. Mas, para a protagonista, é algo que abre um debate mais profundo. "O mundo hoje está mais careta que há 20 anos. Ter que fazer, por exemplo, uma parada contra a homofobia já deixa claro o quanto estamos atrasados", comenta.

HUMANIDADE - Metalinguagem e bissexualidade à parte, o fundamental é a paixão. "Júlia é íntegra na loucura e o espetáculo tem característica de força e movimento. Ela, na verdade, não discute sexualidade, mas vive a paixão, a traição e o abandono de maneira catártica, trazendo questões que todos buscamos: viver a verdade dos nossos sentimentos", diz a atriz, que completa afirmando que essas características aproximam personagem e público.

"É a grande humanidade dela que estabelece a identificação. A gente, artista, não pode cair numa cilada da vaidade, de tentar fazer um super-herói. Pra mim não interessa se o personagem é bom ou mau, interessa que ele seja gente".

Christiane, no momento, excursiona com a peça. Na TV, volta ao ar em "Ti Ti Ti", próxima novela das 19h na Globo, interpretando Rebeca, papel de Eva Wilma na versão original. "É uma mulher que fica viúva e vai assumir os negócios do marido. Ela parte para a ação na vida. É como as muitas peruas que já vivi nas novelas, que de alguma maneira acabaram se relacionando com o mundo real. As pessoas que permanecem enclausuradas em seus castelos se desumanizam de alguma maneira", finaliza.

A Loba de Ray-Ban - Teatro. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário. Tel.: 4433-0789. Sáb., às 21h, e dom., às 19h. Ingr.: R$ 50 (antecipado) e R$ 60.




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