Cultura & Lazer Titulo Calígula
Thiago Lacerda quer fazer pensar
Roseane Castilho
Especial para o Diário
06/03/2009 | 07:00
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"A peça tem revelado a ignorância das pessoas", enfatiza o ator global Thiago Lacerda, protagonista da mais recente montagem de Calígula, de Albert Camus, quanto ao papel do texto com relação à sociedade atual. "A gente vive em um mundo em que pensar é uma coisa quase supérflua. Vivemos em uma sociedade que segue um falso moralismo. A peça obriga todo mundo a pensar", explica o ator.

A trama de Calígula, escrito em 1938 por Camus, narra a história de um imperador romano que, após a morte de sua amante e irmã Drusila, chega à loucura e leva suas atitudes ao extremo afrontando os pilares da sociedade da época: a família, a religião e a moralidade.

Thiago comemorou seus 10 anos de carreira com a estreia da montagem, dirigida por Gabriel Villela, no ano passado, em São Paulo.

No entanto, ele afirma que nem tudo estava às mil maravilhas. Prestes a comemorar sua primeira década como ator, Thiago se viu às voltas com uma série de questionamentos. A salvação foi o convite de Villela protagonizar a montagem. "O Calígula era um material que talvez eu nunca teria usado nesses anos todos de carreira. Acabei experimentando uma coragem, uma linguagem e uma disponibilidade artísticas que eu nunca tive a oportunidade de ter", explica.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo ator ao longo do processo foi a mudança de planos por parte do diretor. "A gente começou com uma ideia de linguagem. Faltando pouco tempo para a estreia, o Gabriel descobriu que a peça precisaria seguir por outro caminho. Tivemos que fazer uma readaptação de todo o espetáculo", revela.

Apesar do entusiasmo de subir ao palco, Thiago demonstra um gostinho maior pelo trabalho em cinema. "Acho que é uma linguagem que proporciona ao ator um tempo saudável de pesquisa, estudo e set de filmagem. É uma linguagem muito bacana."

NUDEZ - Em contraponto à versão do filme ítalo-americano de 1979, dirigido por Tinto Brass, e à montagem teatral de 1991, encenada por Edson Celulari, a versão do diretor Gabriel Villela, foge à nudez e à explicitação sexual. "A gente optou por fazer um espetáculo inteligente. A preferência era essencialmente a palavra, o verbo e a ideia", afirma Thiago Lacerda.

Para ele, Calígula é um texto que deve ser encenado com muita criatividade e sem apelo, dessa forma, a nudez não ajudava o espetáculo. E reconhece: "Tenho um certo pudor pessoal, mas acredito que minha disponibilidade artística é bem maior do que isso." No entanto, ele garante que se fosse necessária uma cena de nudez, faria com tranquilidade. "Talvez eu nunca tenha encontrado um motivo forte para fazer cenas desse tipo."

Ele segue com a peça pelo Interior e outras capitais. Os paulistanos que perderam a chance de ver Thiago em cena terão de esperar um pouco. "Tenho certeza que a peça ainda tem mais oxigênio em São Paulo, mas neste ano ainda não", diz.

Sobre os próximos projetos, Thiago afirma que participará da nova novela de Manoel Carlos e há outras aspirações na área de dramaturgia. "Me interessa muito o período do pós-guerra, o movimento de esquerda, a ditadura. Tudo isso faz parte de uma pesquisa minha. Vamos ver..."

Calígula - Teatro. Hoje, às 21h30, amanhã, às 21h e domingo, às 19h. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário, s/nº. Estacionamento gratuito). Tel.: 4433-0789. Duração: 100 minutos. Classificação etária: 14 anos. Ingressos R$ 60, R$ 30 (meia), R$50 (antecipado) e R$ 40 (promocional).




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