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Marcello Antony além das futilidades
Gabriela Germano
Da TV Press
02/05/2008 | 07:05
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Marcello Antony anda irritado com a televisão. Acha que ela não tem conteúdo. “Se você olha a programação da tarde da TV, está perdido. É só fofoca, um querendo ferrar o outro”, reclama. Esse foi, inclusive, um dos motivos alegados que o levaram a passar uma temporada fora com toda a família, nos Estados Unidos. O ator assume até que já pensou em deixar de fazer novelas, mas voltou atrás porque não sabe o que fazer além de atuar.

Prestes a estrear como o correto médico Daniel, na próxima novela das seis Ciranda de Pedra, Antony se diz contente com mais uma boa oportunidade de trabalho. No folhetim de Alcides Nogueira, além de viver uma conturbada história de amor com a personagem de Ana Paula Arósio, interpreta um tipo de profissional que preza por um trabalho social. Confira trechos da entrevista:

Você já interpretou alguns bons-moços na televisão. O que o Daniel, de Ciranda de Pedra, tem de diferente?

MARCELLO ANTONY – Ele é um médico que tem uma relação muito forte com seus pacientes. Isso deve chamar até mais a atenção do que a história de amor. O Daniel é muito íntegro. E até a mulher que é o grande amor de sua vida, a Laura, vivida pela Ana Paula Arósio, ele vai passar a tratar como paciente. Vou interpretar aquele profissional que atende aos pacientes em comunidade carente.

Como você buscou se preparar para esse trabalho?

ANTONY – É a primeira vez que faço um médico, mas me apoiei basicamente no texto para compor o personagem. Dráuzio Varella também foi uma inspiração, o que não quer dizer que vou imitá-lo. Até o pediatra dos meus filhos me serviu de exemplo. Nas cenas em que tenho de simular alguma aplicação de injeção ou algo de gênero, há uma médica no estúdio me ajudando.

Você coleciona mais mocinhos que vilões. Sua imagem funciona mais como herói?

ANTONY – Acho que tanto faz. O que acontece é que o público tem a necessidade de definir quem é vilão e quem é mocinho, mesmo se o personagem não se encaixa em uma dessas nomenclaturas. Porque isso é um clichê básico de novela.

 

A imagem de mocinho ou de galã incomoda você?

ANTONY – A imagem de galã não me incomoda. Ou melhor, não difere em nada. É engraçado porque acho que não tenho nada de galã. Mas se as pessoas me vêem assim, tudo bem, é melhor do que me enxergarem como um canalha. É a velha história do rótulo. As pessoas precisam rotular. Mas só veste a camisa quem quer.

Ciranda de Pedra é uma novela de época e você já fez outros trabalhos do gênero como Terra Nostra e Um Só Coração. Esse tipo de produção tem um gosto especial?

ANTONY – Adoro fazer novela de época. Dá mais trabalho uma trama dessas, o que não quer dizer que seja mais difícil. Mas se a gente for parar para pensar, em Ciranda de Pedra, por exemplo, que se passa em 1958, o meu personagem tem 43 anos. Isso quer dizer que ele nasceu em 1915. Essa informação não pode se perder. Mas aí com toda a superficialidade do mundo de hoje, as pessoas não param para pensar nisso. É complicado. Hoje os pensamentos são outros. O clima é de superficialidade.

Como assim?

ANTONY – São histórias como o caso da menina Isabella, o escândalo dos dossiês. Se você olha a programação da tarde da TV, está perdido. É uma realidade de louco. E um monte de gente da imprensa vive disso. Mas não posso querer fugir. Tenho de aceitar como está. É o meu trabalho e tenho de divulgar. Se as pessoas mergulhassem profundamente nas coisas, lessem mais, seria diferente.

 

O que você está lendo atualmente?

ANTONY – Acabei de ler O Médico Doente, do Dráuzio Varella, até para me ajudar neste trabalho. Mas o que quero dizer quando falo que a programação da tarde na TV não tem nada é que 80% da população do País só tem isso. Então as pessoas não têm conteúdo, ficam ocas e reféns dessa loucura toda que é armada.

Em algum momento você se cansou de fazer novelas?

ANTONY – Já pensei em abandonar, largar todo esse mundo que é muito louco. Mas gosto de trabalhar como ator e acho que ainda tenho um longo caminho.

Nunca pensou em fazer outra coisa da vida?

ANTONY – Vivo pensando, mas não sei o quê. Eu quero mesmo é trabalhar e ver meus filhos bem cuidados. É o que me leva a buscar tudo isso.



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