Economia Titulo Taxas
Juro do crédito é o maior desde 2006

Taxas de juros subiram pelo terceiro mês, mas não impediram crescimento de 1,7% na concessão de crédito

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
26/08/2008 | 07:14
Compartilhar notícia


As taxas médias de juros subiram pelo terceiro mês seguido em julho mas não impediram o crescimento de 1,7% na concessão de crédito, que passou de R$ 1,067 trilhão em junho para R$ 1,085 trilhão no mês passado.

Com essa expansão, o conjunto das operações de crédito correspondia a 37% do PIB em julho, o maior nível desde janeiro de 1995. Para o chefe do Departamento Econômico do BC (Banco Central), Altamir Lopes, a ampliação dos prazos de pagamento tem permitido que famílias continuem tomando crédito mesmo com a alta dos juros. "O prazo mais elástico faz com seja possível adequar a elevação da taxa de juros ao orçamento dos tomadores", disse.

Segundo o levantamento, a taxa média do crédito livre (aquele que pode ser emprestado livremente pelos bancos) passou de 38% em junho para 39,4% em julho. Nas operações voltadas às empresas, a taxa média subiu de 26,6% para 27,5% no período. Nos empréstimos para as famílias, o juro subiu de 49,1% para 51,4%. Entre as várias operações, o juro do cheque especial passou de 159,1% para 162,7% ao ano. Já o capital de giro para empresas passou de 30,4% para 32,1%.

Os spreads bancários (diferença entre taxa de captação e empréstimo) também subiram. Na média, essa diferença passou de 24,5 pontos percentuais para 25,6 pontos. Nas transações para as empresas, o spread subiu de 13,9 pontos para 14,5 pontos. Nos empréstimos para as pessoas físicas, aumento de 34,7 pontos para 36,6 pontos.

Devedores- A taxa de inadimplência voltou a subir em julho. A parcela dos pagamentos com atraso superior a 90 dias subiu de 4% em junho para 4,2% em julho.

O aumento da inadimplência ocorreu apenas nas operações para as pessoas físicas, cuja taxa subiu de 7% para 7,3%. Nas transações para as empresas, a inadimplência média ficou em 1,7% das operações, em igual patamar ao registrado em junho.

Análise - O coordenador do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia explica que a alta dos juros não é decorrente apenas da taxa básica de juros (Selic), que vem aumentando a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), mas também de outras variáveis. "Os juros também são compostos pela taxa de inadimplência e a de administração".

Um exemplo é no caso do uso do cheque especial. A cada vez que o cliente utiliza o limite de sua conta e quita o valor devedor uma tributação é cobrada pela utilização do serviço. Quanto maior for o valor do limite utilizado, maior será a taxa cobrada.

"A cada dia que a pessoa não quita o cheque especial os juros cobrados aumentam", explica o superintendente de economia da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Nicola Tingas.

Para evitar pagar altas taxas de juros, como as cobradas na utilização do cheque especial e nos cartões de crédito, a saída é o empréstimo pessoal, que entre as opções, muitas vezes, acaba sendo a mais barata. " O consumidor deve evitar essas duas modalidades, principalmente", aconselha Eduardo Becker, professor de economia da Esags (Escola superior de Administração e Gestão Strong), de Santo André. (com AE)

Leasing é a modalidade que mais cresce

Mais barato que o financiamento tradicional, o leasing tem crescido a passos largos. Dados do BC (Banco Central) mostram que o volume de operações para as pessoas físicas cresceu 7,8% em apenas um mês, entre junho e julho.

A maioria dessas concessões foi destinada à compra de veículos. No fim do mês passado, a dívida dos brasileiros nesses contratos somava R$ 49 bilhões. Em 12 meses, a cifra saltou 141,7%.

A crescente preferência dos consumidores pelo leasing fez com que, em julho, o volume de operações realizadas por pessoas física atingisse R$ 49 bilhões, superando o volume dos negócios feito por pessoas jurídicas (R$ 47,7 bilhões).

Foi a primeira vez que isso ocorreu, desde setembro de 2000. Entre todas as linhas de crédito acompanhadas pelo BC, o leasing é, com folga, a que apresenta o maior crescimento recente.

Nem mesmo a expansão do segmento imobiliário, que passa por um boom nas grandes cidades, pode ser comparada. Em julho, o financiamento habitacional cresceu a metade do leasing: 3,3%. Em 12 meses, a diferença é ainda maior: 30,2% no imobiliário contra mais de 141% do leasing.

No primeiro semestre, o leasing desbancou o financiamento tradicional - conhecido como CDC (Crédito Direto ao Consumidor). De todos os carros que saíram das concessionárias no período, 38% tinham contratos de leasing. Em 2007, eram 30%.

O leasing é uma operação de arrendamento mercantil. Por essa característica, tem juros menores que o financiamento tradicional porque o bem adquirido permanece no nome da instituição financeira até o fim dos pagamentos, o que dá mais segurança ao banco em caso de inadimplência. Outra vantagem é a isenção do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). (da AE)

Operações para as famílias tiveram prazo de 467 dias

Segundo o levantamento do BC (Banco Central), na média, o estoque das operações para as famílias teve prazo de 467 dias em julho, contra 466 dias em junho. Porém, essas operações ocorrem apenas para pessoas físicas.

Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o aumento de um dia, no entanto, não representa fielmente o que tem ocorrido no mercado, uma vez que a ampliação do prazo vista nas novas operações acaba sendo diluída. Isso porque o indicador trata do total de todos os empréstimos existentes no mercado.

Não há levantamento sobre o prazo das novas concessões. Para Lopes, o prazo só cresce porque a renda familiar dos tomadores continua em expansão. Recentemente, varejistas anunciaram alongamento dos financiamentos para que o efeito do aperto monetário seja menos sentido pelos clientes. "O espaço (para o alongamento dos empréstimos) está se reduzindo", observou.

Em 12 meses, o prazo cresceu 59 dias. Nas operações para as empresas, o prazo médio diminuiu de 303 para 299 dias entre junho e julho. (da AE)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;