Atividades relacionadas ao desenvolvimento sustentável - ou seja, que unem as metas de bons resultados financeiros com a preocupação ambiental e social - estão cada vez mais no foco da companhia química Rhodia, que tem fábricas em São Bernardo e Santo André.

Com essa estratégia como um dos eixos centrais de sua política de atuação, a empresa investiu, nos últimos dois anos, cerca de US$ 50 milhões no País anualmente, valor que inclui o desenvolvimento e a produção de insumos ambientalmente mais corretos.

O presidente da Rhodia na América Latina, Marcos de Marchi, explicou, durante visita ao Diário, que há três anos 22% de suas vendas eram relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Hoje, já somam 30% e a perspectiva é ampliar ainda mais essa participação.

O executivo cita, entre outros, um ‘produto verde' que acaba de ser lançado pela empresa no País: uma nova geração de sílica (insumo para a fabricação de pneus), que reduz o atrito com o asfalto e garantiria uma redução - de até 10% - no consumo de combustíveis dos carros.

Também recentemente a Rhodia lançou um solvente amigável ao meio ambiente, que será fabricado apenas em Santo André - dentro de uma experiência piloto mundial da companhia.

De Marchi garante que o foco ambiental não se esgota nos produtos. Inclui também a gestão do processo produtivo.Um exemplo é um projeto de redução dos gases do efeito estufa - o maior da América Latina - colocado em operação no ano passado.

A empresa investiu US$ 12 milhões para reduzir a emissão de 6 milhões de toneladas de dióxido de carbono - o que corresponde a 1,2 milhão de carros deixando de circular. Esse projeto sustentável começou a ser desenvolvido ainda na década de 90, muito antes que o Protocolo de Kioto fosse fechado (acordo no qual os países que participam se comprometem a reduzir o volume de emissão de gases do efeito estufa na atmosfera).

Com a criação do mercado de crédito de carbono (certificados comercializáveis obtidos por empresas que comprovadamente reduzem sua emissão de gases), a Rodhia obteve recursos da ordem de 90 milhões de euros.

A empresa está, no momento, reformulando sua planta na área química, localizada em Santo André, para reformar esse conceito sustentável.

Empresa reduz 70% do consumo de água

O grupo francês entende que a questão sustentável deve ser encarada como uma oportunidade de aperfeiçoamento. "Nem sempre a ação sustentável começa com uma meta econômica", explica De Marchi, ao mencionar o plano de redução no consumo de água, iniciado há dez anos pela empresa. "A iniciativa diminuiu em 70% a utilização desse insumo", disse.

Para combater o descarte de água utilizada de volta no Rio Tamanduateí, uma solução encontrada foi o reuso. Hoje, a empresa tem descarte zero de efluentes (produtos químicos resultantes do processo de produção). "Se nada fosse feito, a conta de água seria três vezes maior do que é hoje", justificou.

Impacto financeiro - Se os resultados ambientais são positivos, o desempenho econômico da Rhodia sofreu impacto desfavorável com a valorização do real frente ao dólar.

A variação do câmbio provocou queda de 29% no lucro líquido, que somou 42 milhões de euros no três primeiros meses deste ano.

As operações no Brasil, ainda assim, são representativas para os negócios da empresa. O País responde por 17% do faturamento mundial (que foi de US$ 7 bilhões em 2007).