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Pluviômetros ajudam a evitar tragédias no Grande ABC

Prefeituras da região investem no equipamento que monitora quantidade de chuva

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
29/09/2013 | 07:00
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O pluviômetro, equipamento que mede a quantidade de chuva que cai em um determinado período de tempo, tornou-se aliado das defesas civis da região para evitar enchentes e deslizamentos. O Grande ABC deve ganhar mais 29 aparelhos do tipo, que estarão em operação durante o próximo período chuvoso.

Hoje as sete cidades têm 40 dispositivos instalados em áreas suscetíveis a inundações, enchentes, escorregamentos e solapamentos de terra. Santo André tem nove equipamentos; São Bernardo, 25; Rio Grande da Serra, um; e Mauá, cinco.

Em Santo André, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) aprovou a instalação de 19 aparelhos. Diadema informou que quatro pluviômetros serão instalados na primeira quinzena de outubro. Outros dois estão em processo de implantação em Rio Grande da Serra. Em Ribeirão Pires, serão colocadas quatro unidades. São Caetano não tem medidor, mas negocia com o Cemaden por meio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Há três tipos de pluviômetros na região: manual, que requer alguém para fazer a medição e leitura; semiautomático, que mede, mas precisa de alguém para analisar; e o automático, que faz todo o serviço sozinho e disponibiliza os dados diretamente em rede. Nos três, o que se observa é o índice de chuva acumulado em 72 horas.

Segundo o geólogo Luiz Antonio Neves Costa, coordenador da Defesa Civil de São Bernardo e integrante do Grupo de Trabalho desse tema no Consórcio, o equipamento é importante porque disponibiliza estatísticas sobre precipitação e suas consequências. “Em São Bernardo, foi graças às leituras que determinamos que o nível máximo de chuva acumulada em 72 horas é de 80 milímetros. A partir daí, entramos em estado de atenção. A Defesa Civil estadual considera 100 milímetros como limite, mas na cidade os equipamentos nos possibilitaram ajustar esse patamar.”

Em Santo André, o limite de chuva acumulada por 72 horas é o mesmo que do Estado. Quando esse índice é atingido, a Defesa Civil comparece ao local e analisa se há risco para as famílias. Em caso positivo, elas são orientadas a deixar a área.

Um dos dispositivos semiautomáticos da região está instalado no Cesa (Centro Educacional Santo André) Cata Preta, que fica em frente à Rua Maurício de Medeiros, onde deslizamento vitimou três pessoas nos anos 1990. O equipamento faz parte do projeto Pluviômetro na Comunidade, do Cemaden.

O encarregado operacional de riscos ambientais da Defesa Civil, José Carlos Perin, afirma que o objetivo é fazer a população se apropriar do aparelho e compreender o risco. “Com a mudança da legislação, o papel da Defesa Civil no País passou a ser não só de socorro, mas também de prevenção. A conscientização auxilia isso.”

A responsável pela leitura é a coordenadora do Cesa, Janaína Sousa, que garante que é fácil fazer a medição. “A comunidade que frequenta o centro educacional também participa para que possa saber a importância do aparelho.”

Consórcio quer elaborar plano regional de redução de riscos

O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC planeja elaborar plano regional de redução de riscos a fim de evitar tragédias relacionadas a enchentes e deslizamentos de terra. Com o acelerado crescimento populacional, o Grande ABC sofre as consequências das ocupações irregulares. Ao todo, a região tem 233 áreas de risco de escorregamentos e inundações, mapeadas pelos planos municipais.

Segundo o integrante do Grupo de Trabalho Defesa Civil do Consórcio e coordenador do órgão em São Bernardo, Luiz Antonio Neves Costa, é importante que a prevenção seja pensada de forma regional, pois o Grande ABC está totalmente interligado. “A Lei 12.608, de 2012, prevê que os planos de prevenção sejam feitos por bacias hidrográficas, e não apenas por município. Na região isso é necessário porque quando chove em São Bernardo, pode causar enchente em São Caetano, por exemplo. A chuva não respeita divisas.”

A ideia é finalizar primeiro os planos de redução de riscos das cidades que ainda não têm. Em novembro, o Consórcio assinou contrato com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para mapear as áreas de risco de quatro das sete cidades da região que não possuem o plano atualizado: Santo André, São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. A entidade disponibilizou R$ 680 mil para realização do trabalho, que deve ser concluído em dezembro. “Com essas informações em mãos, a intenção é partir para a elaboração do plano regional”, destaca Costa.

Na opinião do coordenador, as defesas civis da região estão cada vez mais preparadas para evitar tragédias. “Nosso objetivo é salvar vidas. Neste sentido, aliar os pluviômetros ao conhecimento obtido com os planos de redução de riscos faz com que a população esteja mais protegida.”

A Defesa Civil, porém, não tem poder de polícia e depende do entendimento da população de que a chuva pode matar. “Quanto mais conscientizada estiver a comunidade, haverá menos mortes”, destaca Costa.




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