As celebrações do dia de Corpus Christi atraíram milhares de fiéis católicos a missas e procissões no Grande ABC. A data homenageia o sacramento do corpo e do sangue de Jesus. As comemorações são feitas anualmente, sempre às quintas-feiras, dia da semana em que Cristo pediu aos 12 apóstolos que comessem o pão e bebessem o vinho em sua memória.
Em São Bernardo, a chuva durante a madrugada atrapalhou os preparativos. À meia-noite, a comunidade iniciaria a confecção do tapete feito de serragem para enfeitar o caminho por onde passou a procissão, no entorno da Praça da Matriz. Mesmo assim, três missas foram celebradas no Centro, cada uma com cerca de 900 participantes. Outras 12 caminhadas foram feitas na cidade. “Essa data representa o corpo de Cristo presente na nossa vida”, diz o sacristão Nilson Oliveira Santos, 36 anos.
Na paróquia São João Batista, no Rudge Ramos, foi feito tapete com roupas e cobertores, que, posteriormente, seriam doados à população carente.
Por volta das 9h30, o bispo dom Nelson Westrupp celebrou missa campal em frente à Catedral do Carmo, no Centro de Santo André. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.500 pessoas participaram da cerimônia. Foram feitas procissões de 12 paróquias em direção ao ponto de encontro.
Para o motorista Henrique Borges, 68, valeu a pena trocar a viagem do feriado pela missa. “Não tem coisa que pague essa comemoração. A cada ano que venho, aumenta a minha fé”, garante. A dona de casa Luzia Araújo, 60, vinha de procissão iniciada na paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Curuçá. Foram 90 minutos de caminhada. “Para mim, essa participação é sagrada. Venho há 12 anos. Sempre me sinto mais leve depois que saio daqui.”
Ribeirão Pires e Mauá retornaram a tradição da confecção dos tapetes feitos de serragem. No ano passado as duas cidades não puderam celebrar o Corpus Christi com o trabalho ao ar livre em virtude das chuvas. Ribeirão Pires teve tapete de 815 metros.
Já em Mauá, na Paróquia Imaculada Conceição, o trabalho foi feito por cerca de 50 pessoas e teve 130 metros de comprimento. A empresária Aparecida Camargo Rossi, 55 anos, coordenou a equipe responsável. “Começamos pouco depois das 8h e terminamos às 13h. É trabalhoso, mas acredito que essa é a data mais importante da Igreja”, conta.
Os temas deste ano foram animais de Jesus e Ano de Fé. O químico têxtil Daniel Junior Ribeiro da Silva, 24 anos, trabalhou durante a madrugada e foi direto para a Matriz para fazer os desenhos da confecção. “É o primeiro ano que participo. Acho importante para resgatar a fé em Deus.”
Cerca de 400 pessoas participaram da missa solene, iniciada às 16h, no bairro Matriz. Por uma hora e meia, fiéis rezaram e cantaram hinos de louvor. Depois seguiram para procissão ao redor da igreja.
Arte na rua é feita por 600 pessoas
Ribeirão Pires caprichou nas cores para celebrar o Dia de Corpus Christi. Por 815 metros, fiéis que foram até a Paróquia São José, no Centro, puderam admirar desenhos e mensagens referentes aos temas Eucaristia, Jornada Mundial da Juventude, Ano da Fé e Campanha da Fraternidade.
A criação do tapete envolveu cerca de 600 pessoas que trabalharam entre 6h e meio-dia. “Foram gastos em torno de cinco toneladas de serragem, que começaram a ser tingidas no começo do mês”, contou Edvaldo Freire, integrante da equipe de Liturgia e do Ministério de Canto da igreja.
A ajudante geral Vera Lúcia Vieira, 52 anos, celebra a data todos os anos. “É uma tradição da cidade. Tenho filhos e sobrinhos que já ajudaram na confecção dos tapetes”, conta.
As mãos do auditor de qualidade Vainer Ricardo Bom, 34 anos, ajudaram no trabalho. “É muito gratificante ver as imagens ganhando forma”. A missa solene, que começou às 15h, teve duração de uma hora e meia e atraiu cerca de 700 pessoas. Avós, pais e filhos também acompanharam a procissão, com trajeto de um quilômetro.