As vendas do comércio varejista cresceram 1,4% em setembro em relação a agosto, embaladas pelo aumento da renda, a ampliação dos prazos de financiamento e a antecipação do pagamento de metade do 13º salário de aposentados e pensionistas.

O setor elevou as vendas também ante setembro de 2006 (8,5%) e já acumula aumento de 9,6% no ano. Todas as atividades mostraram expansão neste ano.

Para Nilo Lopes, técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, o ‘surpreendente’ crescimento nas vendas do varejo em setembro ante agosto reflete a antecipação de parte do 13º salário, além da desaceleração na inflação dos produtos alimentícios em setembro (0,44%) em relação a agosto (1,39%).

O recuo no ritmo de alta dos alimentos favoreceu , segundo ele, o crescimento das vendas do grupo de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3% ante o mês anterior e 6,2% ante setembro de 2006), que tem o maior peso na pesquisa.

Esse grupo contribuiu, sozinho, com 3,2 ponto percentual do crescimento de 8,5% em setembro na comparação com setembro de 2006.

“Estamos passando por uma fase em que todas as variáveis econômicas estão favorecendo o crescimento do comércio varejista”, disse Lopes, destacando que a expansão do crédito e o aumento da renda permanecem como principais fatores de alavancagem do setor.

O consultor do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo), Emerson Kapaz, disse esperar um crescimento das vendas de 10% em 2008, uma expansão que, se confirmada, será recorde desde o início da série da pesquisa do IBGE, em janeiro de 2001.

Segundo ele, a tendência é que o desempenho do varejo continue positivo no longo prazo, respondendo aos fatores principais de estímulo, que são o crédito, a renda e a empregabilidade que continua firme.

O chefe do departamento de economia da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Carlos Thadeu de Freitas, avalia que a ampliação dos prazos do crédito tem sido o principal fator a impulsionar as vendas do varejo.

Segundo ele, o prazo médio de crédito para pessoas físicas está por volta de 419 dias, muito acima dos 374 dias do início deste ano ou, ainda, do prazo de 294 dias de janeiro de 2005. “É esse aumento do prazo médio que tem dado fôlego ao comércio”, disse.