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López Murphy busca apoio da opinião pública
Das Agências
18/03/2001 | 16:22
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O ministro da Economia da Argentina, Ricardo López Murphy, afirmou que irá buscar "apoio da opinião pública" ao novo plano econômico que prevê uma forte redução do gasto público. Ele está confiante em que seu programa "é viável, mas que de nada servirá, se o sistema político está descomposto".

"O sistema necessita que a coalizão que respalde o esforço que estamos empreendendo seja mais ampla", destacou o ministro em entrevistas publicadas neste domingo pelos jornais La Nación e Clarín.

López Murphy insistiu sobre a "necessidade de ter um suporte político capaz de mostrar que este desejo e vocação nossos têm respaldo social amplo, pelo que vou buscar primeiro apoio na opinião pública, nas pessoas, mas também no sistema institucional".

"Confio em que o programa é tecnicamente viável. Acho que tudo o que fizermos não terá efeito se o sistema político está descomposto. Sou um político e ajo como tal: busco convencer as pessoas de que isto é o melhor que podemos fazer", destacou.

Nesse sentido, assegurou o ministro, "é muito importante que o gabinete expresse esse fortalecimento. Teria desejado que não houvesse demissões".

Nesta sexta-feira, saíram os ministros do Interior, da Educação e do Desenvolvimento Social e o anúncio do pacote também causou o afastamento do governo de quase todo a Frepaso, a ala progressista da governante Aliança.

Além disso, já foram anunciadas paralisações, bloqueios de estradas, tomadas de universidades e mobilizações estudantis e sindicais em todo o país para terça e quarta-feira próximas, em protesto contra o pacote econômico.

López Murphy lançou sexta-feira à noite um austero plano com o objetivo de controlar o déficit fiscal, que segundo compromissos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) não deveria ultrapassar US$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre, mas que excederá essa quantia em 740 milhões de pesos (igual em dólares), reconheceu o ministro.

O ministro disse que estava "consciente" da crise que suas medidas poderiam provocar no Poder Executivo, mas afirmou que foram adotadas "com critério político".

"Sei que a política de cortar gastos não é a que prefere a comunidade política. É mais simples aumentar impostos, mas eu creio que isso seja es contraproducente e muito mais agora", insistiu.

Em relação à sua eventual demissão, ante o clima gerado por seu plano, assegurou que se o presidente Fernando De La Rúa "acredita que o que proponho é extremamente conflitivo e ineficiente para os dilemas que enfrentamos, estou disposto a dar um passo atrás. Mas também estou disposto a lutar", advertiu.

Sobre o corte de gastos para a educação -um tema muito sensível na Argentina, onde a educação pública e gratuita tem uma tradição e qualidade reconhecidas-, assegurou que "é a única maneira" de forçar as províncias a realizar um ajuste.

Acrescentou que "é muito mais cômodo seguir recebendo dinheiro da Nação ou emitir dívida. Mas isso acabou. Não pode mais", disse López Murphy.

Das 24 províncias argentinas, 14 são governadas pelo opositor Partido Justicialista (PJ) que já antecipou que é contra as medidas.




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