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Erros causam suspensão do Enem
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
09/11/2010 | 07:01
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Tiago Silva/DGABC


O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2010 foi suspenso pela juíza federal da 7ª vara do Ceará, Carla de Almeida Miranda Maia, até o julgamento do mérito da representação do Ministério Público Federal no Estado do Ceará, que pede anulação do concurso em todo o Brasil.

Em sua decisão, a juíza afirmou estranhar as declarações do presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Joaquim José Soares Neto, nas quais dizia que a batalha havia sido "um sucesso" e que "falhas acontecem". Soares Neto também negou qualquer registro de falha de segurança durante as provas e afirmou que o Enem "cumpriu seu papel".

A magistrada considera que aplicar "provas apenas para os alunos que reclamaram administrativamente não resolve o problema", porque colocaria os alunos em desigualdade.

O presidente do Inep já havia dito na manhã de ontem, mesmo antes da decisão da juíza cearense, que não trabalhava com com a hipótese de reaplicar as provas para todos os alunos inscritos - afirmação endossada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.

Na opinião do chefe da Pasta, não há problema em aplicar a prova apenas aos alunos que se sentiram prejudicados, porque se trata de um número "relativamente pequeno de casos".

Haddad deixou claro que o MEC pretende recorrer, levando ao conhecimento da Justiça Federal do Ceará o número de estudantes prejudicados, além de provar que as novas provas podem ser rigorosamente comparáveis às avaliações já aplicadas em termos de dificuldades e habilidades cobradas. Deste modo, o ministro acredita que a decisão da Justiça pode ser revista.

Os especialistas se dividem. Diretor de vestibular do Singular-Anglo, Paulo Roberto De Francisco tenta acalmar o alvoroço que a notícia causou nos cursinhos que ele chefia. "A decisão foi em primeira instância, ainda cabe recurso", disse. "A nossa orientação para os alunos é continuar a estudar e não perder tempo reclamando. Vamos esperar a decisão da Justiça." De Francisco disse que as reclamações que mais ouviu dos alunos foram referentes ao gabarito e à falta de treinamento dos fiscais.

FEDERAIS

A UFABC (Universidade Federal do ABC) informou que até agora não está programada nenhuma alteração no vestibular da instituição.

O reitor da UFScar (Universidade Federal de São Carlos), Tarjino de Araujo Filho, disse que espera que esses problemas na realização do Enem não interfiram no vestibular da universidade, que também aderiu ao SiSU (Sistema de Seleção Unificada). Ele disse ser contra a anulação do exame e espera que as solução propostas pelo MEC resolvam o impasse.

O reitor acredita que a metodologia da TRI (Teoria de Resposta ao Item) possibilita assegurar que o grau de dificuldade será o mesmo, no caso de as provas serem aplicadas novamente (apenas aos alunos que se sentiram lesados).

"Os próprios alunos que já fizeram a prova, não gostariam de fazê-la de novo", disse, referindo-se ao cansaço que o teste causa por ser muito longo - são 180 questões.

Nem todos. Andressa Marques, 18, ficou aliviada ao saber da possibilidade de refazer a prova. No primeiro dia do exame, ela recebeu a prova amarela, mas com sete páginas da prova branca misturadas dentro do caderno. Além disso, havia 23 questões repetidas e estavam faltando cinco. "As questões pulavam da 21 para a 24, por exemplo, e em várias matérias", explicou a estudante, que quer ser assistente social.




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