Política Titulo Muitas histórias
Paulo Serra pai faz 80 anos e celebra o amor pela família e por Sto.André

Nascido na cidade, patriarca enxergou o gosto do filho ‘Paulinho’ pela política e o lançou à disputa por cadeira na Câmara; e ele foi eleito

Sérgio Vieira>br>Diário do Grande ABC
11/06/2022 | 07:40
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André Henriques/DGABC


Poucos podem ostentar no currículo a façanha de fazer mais de mil gols na carreira atuando em seu time de coração e sendo, quase sempre, o melhor jogador da partida. Se você pensou em um tal de Edson Arantes, passou longe.


O craque em questão é um senhor bom de papo, de fala tranquila, andreense de coração e que conta com orgulho esse período de sua vida. Trata-se de Paulo Américo Pinto Serra, advogado, ex-comerciante, construtor, apaixonado pela dona Regina e um orgulhoso pai do prefeito de Santo André. Hoje, ele celebra 80 anos, com muitas histórias saborosas na ponta da língua, como essa dos mil gols registrados nos 30 anos em que atuou como atacante no campo de areião do Primeiro de Maio Futebol Clube. E que, apenas em uma temporada, marcou mais de 60. Um dos talentos de seu Paulo. Ainda com muita vitalidade, hoje emprega seu talento no trabalho voluntário. A missão do momento é ajudar a reformar igrejas históricas de Santo André. Tudo com doações de tantos outros apaixonados pela cidade. Não tem vergonha e nem falta de disposição nesse projeto. Durante muito tempo, também atuou na direção do Primeiro de Maio e do Hospital Beneficência Portuguesa de Santo André.


Mas voltemos na origem disso tudo, na história do português Américo Serra, que desembarcou nestas terras lá pelos anos 1921 e se estabeleceu no Grande ABC. E foi justamente em uma casa na Avenida Portugal, em 11 de maio de 1942, que nasceu Paulo Américo. Não demorou para que estivesse ao lado do pai na batalha diária, que tinha acabado de abrir uma loja de tecidos na Senador Fláquer, a Casa Serra, com o volume de pano que recebeu da indenização dos 25 anos que trabalhou na Kowarick Indústria Têxtil. Virou um especialista no assunto na cidade, a ponto de ter surgido a lenda de que era alfaiate. Seu Américo não fazia ideia de como confeccionar uma roupa, mas entendia como poucos do material. Paulo Américo ajudou o pai dos 15 aos 30, quando saiu para se casar. Ele lembra de uma passagem marcante, o Carnaval de 1962, quando foram juntos, em um grupo de amigos, brincar no baile do antigo Clube de Campo, hoje Centro de Treinamento da categoria de base do Esporte Clube Santo André. Até aquele momento, eram amigos. E a ficha caiu para seu Paulo. No mês seguinte, pediu Regina em namoro, na escada de um bailinho de garagem, em uma união que já completou 60 anos. Uma das primeiras provas que o casal enfrentou foi a distância na época de faculdade. Paulo Américo cursou direito na Brás Cubas, em Mogi das Cruzes. E Regina, ginecologista e obstetra, foi cursar medicina na USP de Ribeirão Preto. Foi um namoro a distância, com muitas quilometragens nos ônibus para visitar a amada. Ela, que tinha ido morar em Ribeirão, voltou no fim do curso. E eles se casaram, em dezembro de 1971, na tradicional Igreja do Carmo.


Torcedor fanático da Portuguesa de Desportos, Paulo Américo conta que frequentou muito o Canindé. Uma vez foi homenageado como o torcedor símbolo do time em Santo André. E era pé-quente. Ainda que não perca um jogo da Lusa, seu Paulo faz questão de dizer que há espaço no coração para o Ramalhão. Com frequência, é visto no Brunão para dar apoio ao time que carrega o nome da cidade.


Em uma saborosa entrevista concedida ao Diário, na tarde da última quarta-feira, Paulo Américo respondeu na lata quando perguntado sobre suas paixões: a família e a cidade de Santo André (vale a pena também conferir o ótimo bate-papo entre Paulo Américo e o jornalista Ademir Medici, em uma conversa registrada por vídeo e disponível no site e nas redes sociais do jornal). No item família, estão os três filhos (Paulo, Pedro e Juliana) e os netos João Pedro, Duda, Maria Carolina, Clara e Lucas.


E hoje, ao atingir a marca de oito décadas, qual o sentimento, seu Paulo Américo? “Um homem realizado”, resumiu.


A emoção de ver o filho cuidar da cidade

Com tanta dedicação, era natural que, em algum momento da vida, a política batesse à porta de Paulo Américo, aliás, seguindo o caminho de seu pai, que chegou a disputar eleição de vice-prefeito de Santo André, em 1963, tendo como cabeça de chapa ninguém menos que Newton Brandão. Aquela eleição foi vencida por Lauro Gomes. Em 1996, Paulo Américo foi candidato a vereador pelo PP. Ficou na suplência e chegou a exercer o mandato entre 1997 e 1998.


Quando Celso Russomanno foi candidato a prefeito, em 2000 (derrotado por Celso Daniel), teve que ouvir pedidos insistentes do hoje deputado federal para que estivesse com ele na chapa. Não quis. Entendia já ter cumprido seu papel em disputas eleitorais. Mas já enxergava o gosto do filho Paulo para a política. Foi de sua mão que o hoje prefeito foi alçado a candidato a vereador pelo então PP. Após um racha na legenda, Paulo Américo levou o grupo para o PFL, partido em que Paulo, antes chamado de Paulinho, conquistou o primeiro mandato na Câmara, entre 2005 e 2009.


Paulinho ficou na ponta de baixo da tabela, mas estava lá. Na disputa seguinte, em 2008, o ambiente foi outro. Já no PSDB, foi o vereador mais votado. Foram necessários mais oito anos para que Paulo Américo vivenciasse a enorme emoção em ver o filho eleito prefeito de Santo André (e depois reeleito), em 2016. Paulo Serra pai consegue narrar com precisão como foram aqueles momentos de expectativa ao acompanhar a apuração no Ocara Clube. Daquele dia histórico, seu Paulo tem viva na memória a lembrança do forte abraço que deu no filho.


“Foi muito emocionante acompanhar aquela vitória. Um momento especial”, lembrou. “Ele tem me dado muito orgulho. Tomou as atitudades certas, saneou as dívidas e moralizou o trabalho na Prefeitura.” E seu Paulo confidencia que demorou um pouco para assimilar que seu filho era o prefeito da sua cidade de coração. “No primeiro ano do mandato, a ficha ainda não tinha caído para mim.”


Mas, pela história de Paulo Américo, pelo menos o Paulinho já sonhava com a missão. “Uma vez, com 12 anos, disse para a mãe, ao passar em frente ao Paço, que seria prefeito.” Bastou só o empurrãozinho do pai, lá atrás, para que o desejo de criança virasse realidade. SV 




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