Desvendando a economia Titulo Coluna
Entre o curto e o longo prazo
Por Sandro Renato Maskio
21/02/2022 | 07:00
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Na coluna desta semana gostaria de abordar um ponto de extrema importância na economia e provocá-los à reflexão: o fator tempo.

Na era da economia digital, da proclamada indústria 4.0, das interações on-line, tudo parece ser decidido e as soluções, encaminhadas em alguns poucos segundos ou minutos. Inevitavelmente, agentes e instituições que dão vida à dinâmica da economia incorporaram diversos mecanismos digitais nas mais diversas operações econômicas, nos mais variados setores. Não há dúvida de que estes trouxeram maior eficiência às transações econômicas, especialmente no campo operacional.

Entretanto, nem todas as questões que impactam a dinâmica da economia têm origem no curto prazo, ditas conjunturais, sem deixar de reconhecer sua existência e importância. A exemplo dos efeitos provocados pela pandemia.

Contudo, é fundamental observar que a trajetória da economia a médio e longo prazos é impactada por fatores de longo prazo, ditos estruturantes, e muitas vezes são determinantes à direção do seu progresso. Por exemplo, a estrutura produtiva instalada na economia nos diversos setores.

Reconhecer a existência destes fatores amplia a probabilidade de adotarmos respostas mais eficazes aos ciclos econômicos de curto prazo, bem como à promoção de ações direcionadas ao progresso.

A atividade de planejamento das empresas, ao traçar planos de expansão, busca estabelecer diretrizes para guiar decisões com vistas aos objetivos a serem atingidos no médio e longo prazos. Isso não significa dizer que não ocorrerão turbulências de curto prazo no trajeto, nem que não se façam necessárias revisões dos objetivos a serem buscados.

Na vida pessoal, para a boa condução das finanças e eficácia na busca dos objetivos pessoais e familiares, também se faz necessário considerar a distinção entre os ciclos de curto prazo e os elementos que darão suporte à melhoria da qualidade de vida.

Do contrário, estaremos deixando a trajetória do progresso das empresas, ou da vida pessoal e familiar, ao acaso, à própria sorte. Em especial em um país com cenário econômico instável, a frequente ocorrência de ciclos mais intensos e impactos mais duros ao dia a dia das empresas e das famílias nos faz deparar com pessoas que desprezam o olhar de longo prazo e a importância das escolhas voltadas a um horizonte mais amplo.

Na gestão pública, conseguir trabalhar com esta dualidade impõe desafio de proporções amplas, dado que impactará o conjunto da sociedade. De um lado há a necessidade de se atender às demandas urgentes, de curto prazo, e invariavelmente ampliada pelos ciclos recessivos. Ao mesmo tempo, a melhoria da qualidade de vida da sociedade e da própria capacidade do poder público em atender às demandas mais urgentes depende do progresso econômico social. Isso, de outro lado, depende da eficácia do planejamento de longo prazo.

Embora não temos certeza sobre como será o futuro, nem quando os ciclos de curto prazo surgirão, focar as ações apenas nos fatores de curto prazo amplia as chances de comprometimento da trajetória de progresso. A trajetória da economia brasileira e regional do Grande ABC reflete em grande parte este desprezo pelo longo prazo.

Esta não é uma questão fechada, mas merece a reflexão. 




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