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No chão a casa de Hans Grudzinski. Fogos saudaram a demolição. A história de Mauá fica mais pobre.

A casa-atelier do grande nome artístico mauaense não resistiu à especulação imobiliária

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
04/02/2022 | 05:13
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Depois de “destombado” em 2021, o castelo da Rua Porto Feliz, bairro Matriz, quase Centro de Mauá, foi demolido na virada de domingo para segunda-feira, dia 31 de janeiro. Foram soltos fogos sobre os escombros para comemorar o triste ato.

A ação teve lances de legalidade. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico de Mauá entendeu que o imóvel não tinha valor histórico. O prefeito Marcelo Oliveira acatou a decisão.

Nós, da Memória, entendemos que foi um erro. Vestimos a camisa da preservação. Hoje choramos o triste enredo e, principalmente, a falta de manifestação pública por parte do Executivo e do Legislativo de Mauá, que recusaram o espaço por nós oferecido para que se explicassem.

Mauá e o Grande ABC já perderam outros bens importantes. No placar: vitória da destruição. E a vida continuou, como se nada tivesse acontecido. História afetada. Cidades mais feias e cinzentas. Permanecemos subúrbio insensível não preocupado com os valores herdados dos nossos antepassados.

ESCOMBROS. Se houve esperança de que a casa de Hans Grudzinski seria preservada, tudo acabou na madrugada triste do começo desta semana

Crédito da foto 1 – Celso Luiz/Banco de Dados – 12/11/2020
Crédito da foto 2 – Projeto Memória

Enquanto isso em São Bernardo...

As notícias que correm são de que a Biblioteca Pública Municipal Manuel Bandeira, do bairro Baeta Neves, inangurada em 1979, será desativada, e que o segundo andar da Biblioteca Monteiro Lobato, no Centro, será usado como departamento administrativo.

As noticias estão nesta carta aberta encaminhada ao prefeito Orlando Morando pelo escritor são-bernardense Manuel Filho.

Desmontes culturais?

Nossa cidade sempre teve grande apreço por suas bibliotecas. Cada uma delas contempla as necessidades culturais, educacionais e sociais de diversos de nossos bairros.

Causou-me espanto tomar ciência de que o espaço da Biblioteca Manuel Bandeira, no bairro Baeta Neves, será entregue ao Departamento de Esportes e que toda a área administrativa será levada para o segundo andar da Biblioteca Monteiro Lobato.

A população perderá, assim, dois espaços fundamentais.

A Biblioteca Monteiro Lobato ocupa local de destaque e suas dependências são, na totalidade, importantes para o desenvolvimento de tantos que encontram nos livros fonte de conhecimento e educação.
 

A Biblioteca Manuel Bandeira, com seu auditório e amplos recintos, tem sua vocação voltada para a cultura, portanto, não me parece justificado que sua natureza seja alterada ou até mesmo extinta.

Infelizmente, em sua gestão, a Biblioteca Guimarães Rosa, no Bairro Assunção, já sofreu imenso prejuízo ao perder seu generoso espaço infantil, fora os extensos danos para todo o contexto desta que já foi uma das bibliotecas mais modernas de São Bernardo.

Durante sua gestão não ocorreram as tradicionais feiras de livro, não tivemos qualquer concurso literário, desconheço oficinas literárias de fôlego e o acervo das bibliotecas públicas não foi valorizado/renovado/atualizado. Além disso, patrimônio tombado foi removido da Praça Lauro Gomes (dois bancos, quando da reforma da praça realizada no início da sua gestão).

Livros duram mais do que pontes, e eu acredito que seja relevante para um gestor que ele não venha a ser lembrado como alguém que possa ter destruído os elementos culturais e afetivos de uma população.

Desejo que sejam apenas boatos e que tais desmontes não ocorram.
Manuel Filho, escritor

NOTA DA MEMÓRIA – Prezado Manuel, “Memória” também espera que sejam apenas boatos. Que não ocorrerão desmontes culturais. O espaço fica à disposição do prefeito Orlando Morando, como sempre esteve, para as devidas explicações. 

EM 4 DE FEVEREIRO DE...

1902 – Do correspondente do Estadão na Estação Rio Grande (da Serra): depois de aqui ter dado alguns espetáculos, seguiu hoje (4-2-1902) para Ribeirão Pires o Circo Recreativo Paulista, com ‘troupe’ infantil, ginástica acrobática, etc.

Do elenco artístico fazem parte Nesino e Silvio Avanzi Luiz do Nascimento e outros não menos ótimos artistas.

Estreará em Ribeirão Pires no sábado, dia 8, com a esplendida pantomina “O Diabo Roxo”.

1917 – Natália Pedroso, filha de Sebastião Pedroso, de São Bernardo, aprovada com notas excelentes para a 1ª Escola de Farmácia, em São Paulo.
Os juízes de paz do recém-criado Distrito de São Caetano pretendem tomar posse dos respectivos cargos com toda solenidade.

1922 – A Secretaria de Justiça do Estado envia portaria aos delegados de polícia determinando medidas com vistas ao Carnaval que se aproxima:
1 – É expressamente proibido o entrudo.
2 – Idem os cordões, cantorias em grupos ou individuais quando ofendam os bons costumes ou o decoro público.
3 – Proibido o uso de estalos, carrapichos, pós, graxa, querosene ou artigos idênticos.
4 – São proibidos lança-perfumes contendo substâncias perigosas.

No Vaticano, dez mil pessoas aguardavam a eleição do sucessor do papa Bento XV, falecido em 22 de janeiro de 1922.

1957 – De Emílio Baldacci, correspondente do Estadão em Santo André: desaparelhada a polícia de Santo André.
A delegacia conta com um único veículo, uma perua quase imprestável. Recentemente, para uma investigação, a polícia precisou recorrer a um táxi, com a corrida paga pela vítima. Santo André possui 160 mil habitantes. A cidade é infestada de malandros, falsos mendigos, ladrões e toda sorte de criminosos. E a polícia encontra dificuldades em reprimir todas as espécies de crimes que aqui diariamente se verificam, pois lhe faltam todos os meios que a repressão ao crime requer.

1987 – Do noticiário do Diário:

MANCHETE – Constituinte ainda na fase de discursos.

EDITORIAL – Ouvir a voz do povo antes que seja tarde.

SEGUNDA DIVISÃO – Pelo quadrangular decisivo de futebol, ontem, no Estádio Moisés Lucarelli, campo da Ponte Preta, em Campinas: Bandeirante 3, EC São Bernardo 1; Noroeste 0, União Barbarense 0. Dois, dos quatro times, subiriam à divisão maior do futebol paulista.

MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Em São Paulo, hoje é o aniversário de Dois Córregos. Criado em 1874, quando se separa de Brotas.

Pelo Brasil: em Pernambuco, Garanhuns, Itambé e Paudalho; em Alagoas, Jacuípe; no Amapá, a capital Macapá; e em Santa Catarina, Presidente Castello Branco.


SANTOS DO DIA
João de Brito
Gilberto
André Corsini
Catarina de Ricci
Joana de Valois


Falecimentos 

Santo André

Atílio Fabri, 94. Natural de São João da Boa Vista (São Paulo). Residia na Vila Marina, em Santo André. Dia 31, em São Bernardo. Cemitério Cristo Redentor, Vila Pires.

Vita Eugênia da Silva, 87. Natural de Guaranésia (Minas Gerais). Residia no Parque Capuava, em Santo André. Pensionista. Dia 1º. Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Curuçá.

São Bernardo

Maria Bramé Landim, 93. Natural de Colina (São Paulo). Residia no Jardim Campestre, em São Bernardo. Dia 1º, em Santo André. Jardim da Colina.

Claude Chanpel, 92. Natural da França. Residia no bairro Demarchi, em São Bernardo. Dia 31. Cemitério dos Casa.

Paulo de Campos, 88. Natural de São Paulo, Capital. Residia no bairro Paulicéia, em São Bernardo. Dia 29. Cemitério da Paulicéia.

São Caetano

Ernani Novaes, 85. Natural de Piquerobi (São Paulo). Residia na Vila Alzira, em Santo André. Dia 30, em Santo André. Cemitério das Lágrimas.

Luiz Guilherme Seraphim, 70. Natural de São Paulo, Capital. Residia no bairro Cerâmica, em São Caetano. Dia 1º, em Santo André. Memorial Planalto.

Diadema

José Faustino Gomes, 86. Natural de Alagoinha (Paraíba). Residia no Jardim Campanário, em Diadema. Dia 30. Vale da Paz.

José Marculino Filho, 80. Natural de Tracunhaém (Pernambuco). Residia no Jardim Inamar, em Diadema. Dia 30. Cemitério Municipal de Diadema.

Mauá

Camilo Julio de Santana, 78. Natural de Jacaraci (Bahia). Residia no Parque das Américas, em Mauá. Dia 29, em São Bernardo. Cemitério Santa Lídia.

Ribeirão Pires

Alice Ferreira de Oliveira, 99. Natural de Macarani (Bahia). Residia no bairro São-Caetaninho, em Ribeirão Pires. Dia 1º. Cemitério São José.

Maria Nicolino, 97. Natural de Ribeirão Pires. Residia no bairro Santa Luzia, em Ribeirão Pires. Dia 28. Cemitério São José.

Eunice de Souza Oliveira, 81. Natural de Ribeirão Pires. Residia no bairro Soma, em Ribeirão Pires. Dia 30. Cemitério São José.
 




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