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Advogada da FUABC defendeu Tite no Mensalinho

Indicada na entidade na gestão Auricchio, Patrícia Veronesi comanda central de convênios e integra cúpula que dá suporte à presidente

Por Júnior Carvalho
Raphael Rocha
02/10/2021 | 00:11
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Reprodução/DGABC


A relação da advogada Patrícia Veronesi com figuras públicas de São Caetano é antiga. Atual diretora da central de convênios da FUABC (Fundação do ABC), principal braço administrativo da instituição, ela defendeu pessoalmente no passado o hoje prefeito interino Tite Campanella (Cidadania), em ação que tratava sobre o caso Mensalinho.

Patrícia foi advogada de Tite em processo movido há oito anos pelo Ministério Público, que pediu à Justiça a quebra do sigilo bancário do hoje prefeito interino, que foi investigado por negociar pagamento de propina a vereadores em troca de apoio político na Câmara à gestão do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), de quem Tite era secretário de Governo. O caso veio à tona na eleição de 2012 depois de vazamento de vídeo em que o hoje prefeito interino aparecia supostamente negociando pagamento na ordem de R$ 100 mil ao então vereador Edgar Nóbrega (ex-PT, hoje PDT). O episódio incendiou a eleição daquele ano, resultou na renúncia do ex-petista à candidatura de prefeito e também arranhou a campanha governista capitaneada por Auricchio – prefeiturável indicada pelo tucano, Regina Maura Zetone perdeu a eleição.

As denúncias não prosperaram. A quebra do sigilo bancário de Tite chegou a ser autorizada pela juíza Ana Lúcia Fusaro, da 2ª Vara Cível de São Caetano, mas a promotora Karla Regis Galvão de Oliveira Bugarib arquivou as investigações sob alegação de falta de provas. Por causa disso, nem Tite nem Edgar foram processados. Recentemente, o Diário mostrou que, desde o ocorrido, o hoje prefeito interino é a única figura do caso que sobreviveu politicamente.

Patrícia é integrante de uma tríade na FUABC que dá suporte para o mandato de Adriana Berringer Stephan na presidência da instituição. No cargo, a advogada recebe R$ 30.654,36 por mês e gerencia setor que tem 10.671 funcionários e receita total de R$ 1 bilhão (dados de 2020). Ela foi indicada ao posto durante o governo de Auricchio, aliado de Tite e também responsável pela indicação de Adriana. Patrícia chegou a ficar duas semanas afastada do posto no início deste ano após a indicação do ex-vereador e hoje secretário de Administração em Santo André, Almir Cicote (Avante), que deixou o posto por recomendação do Ministério Público.

Ao Diário, a FUABC refutou qualquer influência de Tite no retorno de Patrícia ao posto e sustentou que seu currículo a credencia para o cargo, apesar de também ser advogada de formação, como Cicote. “A trajetória da dirigente no corpo de colaboradores da FUABC teve início em janeiro de 2017, quando assumiu a diretoria geral do Complexo Hospitalar Municipal de São Caetano – ou seja, muito antes de Tite Campanella assumir a Prefeitura”, justificou a FUABC. O Palácio da Cerâmica sustentou que Tite “não teve nenhuma interferência na indicação da profissional, que possui formação técnica para exercer a função”.  




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