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Pandemia provoca prejuízo de R$ 16,7 bi no transporte público

Mais da metade dos usuários que pagam passagem deixaram de utilizar ônibus durante crise sanitária que começou em março do ano passado

Da Redação
Do Diário do Grande ABC
22/09/2021 | 00:01
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Denis Maciel/ DGABC


A pandemia do novo coronavírus causou queda de 51,1% no número de passageiros pagantes que utilizam ônibus urbanos no Brasil. Redução na demanda provocou prejuízo de R$ 16,7 bilhões às empresas que operam em todo o País entre março de 2020 e junho último. Os números foram divulgados em seminário promovido pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos).

De acordo com estudo realizado pela entidade, a quantidade de passageiros transportados pelos sistemas caiu de 189,8 milhões para 92,4 milhões por mês entre abril e outubro de 2020. A redução à metade desequilibrou economicamente o setor, segundo o presidente da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho.

O dirigente defendeu alteração na relação entre operadoras e poderes concedentes para devolver a sustentabilidade ao negócio. “É urgente uma mudança estrutural que contemple a alteração do modelo de remuneração, garanta maior segurança jurídica e ofereça infraestrutura que permita a oferta de um serviço de qualidade a preços acessíveis.” 

Segundo o Anuário NTU [2019-2020], documento de 62 páginas divulgado na segunda-feira, o mês de abril do ano passado foi o mais impactado, com queda de 67,3% nas viagens realizadas por passageiros por ônibus urbano na comparação com 2019, equivalente a 2/3 dos deslocamentos realizados por usuários pagantes antes da pandemia. Em outubro de 2020, a redução foi de 35,4%.

Os dados estatísticos foram elaborados de acordo com a demanda verificada em nove capitais brasileiras. Além de São Paulo, foram avaliados dados de Belo Horizonte (Minas Gerais), Curitiba (Paraná), Fortaleza (Ceará), Goiânia (Goiás), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Recife (Pernambuco), Rio de Janeiro e Salvador (Bahia).

Nessas capitais, que representam 35% da demanda nacional, deixaram de ser realizadas 147,2 milhões de viagens mensais na média de abril e outubro do ano passado nos serviços de ônibus, em comparação com igual período de 2019.

“A situação observada em 2020 é muito diferente daquela verificada no início da série histórica, quando cada veículo transportava 631 passageiros pagantes em média diariamente. Desde então, houve uma diminuição de 73,6%”, comparou Cunha Filho.

Além da redução no número de passageiros pagantes, o segmento foi afetado pela alta no custo dos insumos, segundo estudo da NTU. O documento apontou que no período de novembro de 2020 até julho último, foram realizados 16 reajustes no preço do óleo diesel pela Petrobras, “que resultaram em uma variação acumulada de 37,4% no preço médio do combustível para grandes consumidores.” 

De acordo com o anuário da NTU, as empresas de ônibus urbanos precisaram assumir os prejuízos causados pela redução na demanda de passageiros, o que causou forte aumento das dívidas das operadoras – “um nível de endividamento jamais visto, que colocou todo o setor à beira do colapso”, relata trecho do documento da entidade. 

Para o reequilíbrio do sistema, Cunha Filho defendeu a criação de marco legal para o setor – algo que a entidade considera “a única chance de recuperação do setor”. “Esta não é uma opinião minha. É fruto do consenso de entidades e especialistas da área”, frisou.

Por fim, o documento da associação cobra ajuda do poder público. O relatório lembrou que parte do problema poderia ter sido sanado se, na sessão de 17 de março, os deputados federais não tivessem mantido o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao auxílio financeiro de R$ 4 bilhões da União para reequilibrar contratos do transporte público urbano impactados pelos efeitos da Covid-19.




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