Setecidades Titulo Risco de racionamento
Mananciais que atendem à região ‘secam’ e ligam alerta

Níveis caem significativamente desde maio; bióloga lamenta a falta de mata em áreas de preservação

Anderson Fattori
26/08/2021 | 00:04
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Celso Luiz/ DGABC


Os quatro reservatórios que abastecem a população do Grande ABC seguem em queda no acúmulo de água, o que coloca a distribuição do recurso em alerta na região. Levantamento realizado pelo Diário, com informações da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), empresa que atende seis das sete cidades, mostra que todos os mananciais estão com bem menos água do que o registrado em 1º de maio.

A pior situação é a do reservatório Rio Claro, que abastece Santo André, Ribeirão Pires e Mauá. No dia 1º de maio, o manancial estava transbordando, com 101,8% da capacidade, já ontem, com a estiagem, o reservatório mantinha reserva de apenas 42,7%, o que aponta que durante o período o manancial secou 59,1 p.p. (pontos percentuais).

Além do Rio Claro, o Grande ABC é beneficiado por outros três mananciais. O Cantareira, que leva água para São Caetano; o Rio Grande, que abastece Santo André, São Bernardo e Diadema; além do Alto Tietê, de onde vem parte da água de Santo André e Mauá. Além destes mananciais, a bacia hidrográfica que abastece o Estado conta com o Guarapiranga, Cotia e São Lourenço.

A Bacia do Alto Tietê também viu o seu reservatório secar pela metade desde o dia 1º de maio. Naquela data, o manancial ostentava acúmulo de 95% de água e ontem apresentava apenas 45,2%, ou seja, queda de 49,8 p.p..

De acordo com a Sabesp, os sistemas espalhados pelo Estado são interligados, o que permite à companhia operar o tratamento e a distribuição de água conforme a necessidade.

Segundo a professora, bióloga e pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Marcondes, a queda na capacidade de reserva das bacias que atendem o Grande ABC se deve a diversos fatores que já se arrastam há anos. “O principal (fator) é que, mesmo que estejamos em uma estação de seca muito grande, que há mais de 50 anos não se via, nós deveríamos ter aprendido a lidar com isso. Que para ter chuva é preciso ter vegetação. Mas acontece o contrário disso e houve ainda mais supressão de mata, inclusive em áreas de manancial”, declarou a docente.

No Sistema Rio Grande, por exemplo, o manancial recuou 23,5 p.p. desde 1º de maio, já que sua capacidade de reserva foi de 99,5% para 68,8%. Já o Cantareira teve redução em seu acúmulo de água em 16,1 p.p. no período. Apresentava capacidade de 54% no início de maio e ontem registrava reserva de 37,9%.

“Aqui na região ainda estamos com a melhor situação, porque o braço do Rio Grande, que fornece água para o Sistema Alto Tietê e também para a região, ainda está com capacidade confortável, com 68,8% da capacidade”, avaliou Marta.

Por meio de nota, a Sabesp refutou a possibilidade de racionamento de água mesmo com os níveis dos mananciais em queda. “Não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo, mas (a Sabesp) reforça a necessidade do uso consciente da água em qualquer época”, assegura a companhia. “O sistema que atende à Região Metropolitana é integrado e suas represas são interligadas. Essa integração permite transferências rotineiras entre regiões, dando mais segurança ao abastecimento. A projeção da Sabesp aponta níveis satisfatórios para passar pela estiagem (até setembro)”, finaliza a companhia. 




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