Nacional Titulo
Febem monta esquema para receber menor que matou casal
19/11/2003 | 00:09
Compartilhar notícia


O adolescente que assumiu ter liderado o seqüestro e ter participado do assassinato do casal Felipe Silva Caffé, 19 anos, e Liana Friedenbach, 16, está na Fundação Estadual para Bem-Estar do Menor (Febem). A polícia entregou na segunda-feira à noite o acusado à Unidade de Atendimento Inicial (UAI), do Brás, no Centro de São Paulo. De lá, ele, que tem 16 anos, foi levado para outra unidade, que a fundação não revelou para não pôr em risco a vida do interno. Teme-se que outros adolescentes, revoltados com a crueldade do delito e os abusos cometidos contra Liana, tentem matá-lo.

Por isso, informou a direção da Febem, os internos da unidade que o acolheu não sabem quem ele é nem o crime pelo qual foi detido. Haveria ainda um plano, caso ele seja identificado.

De acordo com o delegado Silvio Balangio Júnior, titular da Delegacia Seccional de Taboão da Serra, não havia mais motivos para manter a custódia do adolescente. "Com a reconstituição do crime (na segunda-feira), concluímos a investigação."

A polícia aguarda a conclusão de alguns laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico-Legal e deve entregar nesta quarta-feira o inquérito à Justiça com o pedido de decretação de prisão preventiva dos quatro acusados adultos: o pintor Paulo César da Silva Marques (‘Pernambuco’), 32, e os caseiros Aguinaldo Pires, 41, Antônio Matias de Barros, 48, e Antônio Caitano da Silva, 50.

Estrutura - Embora a unidade de destino do menor infrator seja mantida em sigilo, é sabido que o local não atende às necessidades determinadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ariel de Castro Neves. "A Febem não tem nenhuma unidade adequada para esse caso. Pelos requintes de barbárie do crime, ele deveria passar por análise psiquiátrica e atendimento especializado."

Para Castro Neves, o adolescente corre risco, se for colocado com outros internos da fundação, pelos crimes sexuais cometidos. "É diferente da situação de um Batoré, por exemplo, que tinha histórico de homicídios, inclusive de policiais, roubos e outros crimes, que o cacifam perante os colegas."

O educador Antônio Carlos Gomes da Costa também observou que a fundação não tem estrutura adequada para o atendimento. "Um caso dessa gravidade deve receber medidas especiais de segurança", disse. "O problema é que o sistema hoje não cumpre nem sua função de aumentar os níveis de segurança da sociedade nem de educar o adolescente para o convívio social. As unidades privam o jovem não só da liberdade, mas do respeito e da dignidade, e a resposta para a violência é violência cada vez maior."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;