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Toyota critica incentivos para empresas específicas

Para diretor da montadora, situação distorce o mercado, como em outras regiões do País

Yara Ferraz
18/07/2021 | 07:30
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Reforma tributária, com simplificação e redução da carga, é medida necessária para garantir a permanência e investimento das empresas instaladas no País, e não apenas oferecer incentivos destinados a determinados grupos de empresas. Esta é a opinião do diretor de assuntos governamentais da Toyota Roberto Braun, que acredita que a melhora no ambiente de negócios no País passa também pela revisão de incentivos fiscais.

Segundo ele, “as distorções do mercado causadas por incentivos regionais” é uma preocupação para a definição de novos investimentos.

“Os incentivos são muito representativos, afetam os preços no mercado e isso, naturalmente, tem impacto nas empresas da região, de São Paulo e de todo o Sul e Sudeste. Essa é uma questão que preocupa. Os incentivos (do governo para as montadoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste) estão previstos até 2025. Nosso planejamento para um novo produto é em torno de cinco anos, e essa questão torna o futuro incerto, e pode afetar investimentos nas demais regiões”, disse, em entrevista exclusiva ao Diário.

Segundo ele, as atuais discussões do governo federal para a redução dos incentivos, como a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 186, que planeja cortar os benefícios em cerca de 10%, são positivas. “Esperamos que os subsídios sejam reduzidos, porque ajuda na melhora do ambiente de negócios no Brasil”, afirma ele, justificando que essas empresas ganham participação privilegiada no mercado.

Um dos casos mais emblemáticos do setor nos últimos anos foi a saída da norte-americana Ford do mercado brasileiro, que fechou a fábrica de São Bernardo em 2019 e as demais, neste ano, mesmo recebendo isenções fiscais. “Nem com incentivos a Ford permaneceu no País. O governo federal desembolsou cerca de R$ 20 bilhões e ainda assim decidiu sair do Brasil. É um desperdício de recursos o governo federal bancar incentivos a empresas, que depois resolvem sair do Brasil de uma hora para a outra. Isso afeta a sociedade como um todo”, argumenta.

O pleito da indústria, não só do setor automotivo, é a reforma tributária com simplificação e diminuição de tributos, já que o atual sistema de impostos é visto como um entrave para a competitividade.

“Hoje, a tributação no Brasil é muito complexa. Temos um custo maior para gerenciar essa tributação. A reforma deve trazer uma redução da complexidade e, com isso, no custo das empresas”, afirmou Braun.

A Toyota possui uma unidade de fabricação de peças, em São Bernardo (leia mais abaixo), que chegou a produzir veículo. Porém, recentemente a montadora japonesa anunciou a saída do administrativo para Sorocaba, no Interior, onde possui fábrica.

“Não temos planos para mudanças na situação de hoje. Continuamos com plano de investimentos, não digo em São Bernardo, mas no Brasil. Neste momento não temos nada definido para o futuro, o último foi para o Corolla Cross, que foi lançado em março. Mas, continuamos discutindo com a matriz os futuros aportes”, afirmou.

Alinhada com a mudança no perfil do consumidor mais jovem, que muitas vezes opta por não comprar um carro, a Toyota vem apostando em ser uma marca de mobilidade e não apenas uma montadora. Neste mês, a Kinto, empresa do grupo responsável pelos serviços de compartilhamento de veículos, completou um ano com 32 mil usuários cadastrados na plataforma e mais de 13 mil diárias de aluguel realizadas.

“O mercado mudou, mas naturalmente a opção de compra permanece. A nossa intenção é dar mais opções para o cliente”, contou Braun.

Mudança da sede deve acabar em setembro

Conforme já anunciado pela empresa, a Toyota realiza a mudança da sede admnistrativa de São Bernardo para Sorocaba, no Interior do Estado. A expectativa é a de que todo o processo, que envolve a transferência de 400 colaboradores, esteja concluído até setembro deste ano. Na região, permanecem 1.300 funcionários que continuam a atuar na fábrica de peças.

De acordo com o diretor de assuntos governamentais da Toyota do Brasil, Roberto Braun, a decisão da mudança foi simplesmente estratégica. “O objetivo é estar próximo da nossa principal unidade produtiva, que é Sorocaba, onde são fabricados o Etios, Yaris e o Corolla Cross”, disse.

A unidade de São Bernardo é a mais antiga da montadora no Brasil e foi a primeira a ser instalada fora do Japão, em 1962. Ela é responsável pela fabricação de bielas e virabrequins, abastecendo a fábrica de Porto Feliz, no Interior, que produz os motores do Etios, além de exportar as peças para os Estados Unidos, para montagem dos modelos Corolla e Camry.  




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