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A boca pequena comenta que...
Rodolfo de Souza
11/07/2021 | 07:00
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Andam dizendo por aí que o Poder Executivo desta imensa república Tupinambá deixou de comprar vacinas na hora certa, e que, por isso, é o responsável pela morte por atacado que sobreveio sobre a população. Dizem ainda que centenas de milhares de vidas teriam sido poupadas caso o mesmo poder também não estimulasse a aglomeração e não fizesse mau juízo de quem faz uso da máscara, objeto considerado essencial pela ciência, por ser o único meio que impede a pessoa de inspirar ou expirar a molécula daninha. Não nos esqueçamos de que vivemos tempos pandêmicos, drama que não imaginávamos ver fora das telas um dia.

Fala-se por aí que o mesmo governo tira recursos de fiscais para que não tenham como investigar e autuar bandidos que se valem da madeira da grande floresta para engordar a conta bancária. A falta de chuvas em algumas regiões, inclusive, já dá sinal de que a destruição da grande mata começa a surtir efeitos nefastos aqui e acolá. Tudo culpa dele que, segundo dizem, tem o dedo sujo metido nas questões ambientais também.

Garimpeiros, aliás, têm total liberdade para invadir terras indígenas e matar pessoas e rios em troca de ouro. Tudo porque ignoram que o verdadeiro ouro é a natureza que aniquilam sem piedade. Também, segundo se comenta a boca pequena, o apoio a esse tipo nocivo de ser humano viria dali, do planalto central deste rico pedaço de chão. Fala-se até de gente graúda se fartando com a empreitada. E os índios, aos poucos, perdem suas terras e suas vidas, sepultando tradições e muita história. Mesmo porque, o setor do parlamento incumbido de julgar a questão da demarcação dessas terras já se posicionou contrário a isso, decretando o desaparecimento do ser humano que aqui estava quando da nossa chegada.

É sem dúvida um pacote de benefícios, concedido ao brasileiro, que ainda não perdeu a capacidade de sonhar. Ainda.

Mas não para por aí: as más línguas propagam para os quatro cantos a intenção um tanto reacionária desse mesmo poder se eternizar no comando. Disseram tê-lo ouvido afirmar, um sem número de vezes, que só Deus pode tirar seu formoso traseiro da cadeira mais alta do suntuoso palácio. Mas o povo foi novamente para as ruas. É possível até que Deus já esteja trabalhando para demovê-la de lá. Só conjecturas, claro. Quem sou eu, afinal, para me meter em assuntos divinos? Mesmo porque, desconfio que Deus, o bom Deus, não aprecie lá um spoiler, e pode até se irritar com a minha presunção.

Não bastasse tudo isso, no entanto, e ouvi dizer agora que há muita propina rolando em compras superfaturadas de vacinas. Sabe, amigo, quando há um ou mais atravessadores em qualquer tipo de negócio? O preço do produto vai parar na estratosfera. E não poderia ser diferente com o imunizante, ouro dos novos tempos. Gente da alta cúpula disposta a empenhar fortunas na compra de vacinas de empresas que nem as possuem, é o que se tem revelado. Reconheço a dificuldade em se compreender tamanho embuste, mas essa horda é composta por mestres na arte de ludibriar e tirar proveito do engodo por meio de negociatas combinadas na calada da noite. Tempo, aliás, é o que lhes sobra para arquitetar planos de enriquecimento à custa de quem trabalha, de quem paga e, agora, de quem morre.  




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