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Botijão de gás já custa R$ 100 no Grande ABC

Valor máximo é encontrado em São Bernardo; média nas cidades da região é de R$ 85,17

Flávia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
15/06/2021 | 00:01
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Celso Luiz/ DGABC


Pesquisa da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) indica que o botijão de gás de cozinha de 13 quilos pode ser encontrado a até R$ 100 no Grande ABC neste mês. O valor foi apurado em São Bernardo, embora Santo André tenha maior média de preço (R$ 87,53). Considerando seis cidades da região – Rio Grande da Serra não consta no levantamento –, a média é de R$ 85,17. A variação entre a média do menor e do maior valor encontrado é de 17,3%.

Má notícia é que da próxima vez que o consumidor precisar comprar um botijão, o desembolso deverá ser ainda maior. Isso porque a Petrobras anunciou, na sexta-feira, o 15º aumento consecutivo do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) nas refinarias. O incremento foi de 5,9%, chegando a R$ 3,40 o quilo, assim, o custo do botijão de 13 quilos, o mais comum nas residências, chega a R$ 44,20. A companhia justificou que os aumentos buscam o “equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio”.

A inflação acumulada nos primeiros cinco meses deste ano do grupo de combustíveis domésticos, que inclui o GLP e o gás natural residencial, é de 13,65% e, nos últimos 12 meses, chega a 22,17%. Com base em fórmulas disponibilizadas pelas marcas distribuidoras do gás de cozinha, o Diário calculou que uma família que utiliza quatro bocas de um fogão comum por duas horas diárias gasta aproximadamente R$ 352,80 por mês com o produto. A quantia equivale a 32% do salário mínimo (R$ 1.100).

Mesmo com os consecutivos aumentos, Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo), avalia que não haverá redução nas vendas, pois trata-se de um produto essencial. Ele adiciona que este acréscimo, somado aos reajustes de outras commodities, terá um impacto econômico grande, sobretudo entre os mais pobres. “Reforço a criação de políticas públicas para garantir o acesso de famílias de baixa renda ao GLP”, diz.

NA PRÁTICA 

O setor de bares, restaurantes, hotéis e motéis já tem sofrido o baque no faturamento em razão da pandemia do novo coronavírus, já que a maioria dos estabelecimentos teve de baixar as portas em diversas fases de contenção do vírus e, mesmo com a reabertura, ainda não recuperaram o ritmo de antes. Beto Moreira, presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do grande ABC), destaca que o reajuste do GLP agrava ainda mais a situação. “Estes aumentos são muito prejudiciais ao nosso setor. Já temos poucos clientes, como vamos fazer?”

Sem estimar valores, Moreira lembra que o gás representa uma grande parcela dos custos fixos, principalmente no ramo hoteleiro, onde também é utilizado para aquecimento. “Tudo depende do tipo de atividade, para os restaurantes de comida japonesa, que tem um cardápio frio muito grande, o impacto deve ser menor, mas é mais um custo somado às contas de água e luz, taxas do cartão de crédito e dos aplicativos de entrega, já que muitos ainda dependem do delivery”.

Flávia Paschoalin, sócia-proprietária do restaurante Ghula Gulah, em São Caetano, conta que outras despesas, como a conta de luz, também encareceram. Para evitar afastar a clientela, que está menor, já que o estabelecimento está atendendo apenas por delivery, os aumentos não estão sendo repassados para o cardápio. “Depois de tudo que nosso setor passou e ainda está passando na pandemia, este reajuste não poderia ter acontecido”, lamenta.




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