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Mais da metade dos telefones de emergência do SAI não funciona

Diário percorreu trechos do Sistema Anchieta-Imigrantes e dos 43 equipamentos testados, 19 não estabeleceram contato com a central

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
10/02/2021 | 00:01
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André Henriques/DGABC


O motorista que trafega pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), sob responsabilidade da concessionária Ecovias, e paga o pedágio mais caros do Brasil, segundo ranking da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) – leia mais ao lado –, pode ficar em apuros. Isso porque 60% dos telefones de emergência testados segunda-feira pela equipe de reportagem do Diário não estavam funcionando.

Dos 43 equipamentos avaliados pela equipe de reportagem, em 19 deles não foi possível estabelecer comunicação com a central da Ecovias, o que representa 44%. Em outros sete casos, o atendente só ouvia quem estava ligando se o autor da chamada gritasse a plenos pulmões. Assim, na prática, dos 43 telefones, pelo menos 26 apresentaram problemas (60%)

Além da falta de funcionamento adequado do SOS, que é um importante item de segurança para quem trafega nas rodovias, havia plataformas perto dos telefones cheias de lama, com buracos ou até desbarrancando, colocando ainda mais em risco a vida e a integridade física dos usuários.

Alguns telefones estão ocultos atrás de postes, problema que uma sinalização mais eficiente resolveria, de modo que o condutor pudesse avistá-lo em tempo hábil de parar. A higienização dos equipamentos também deixa a desejar. Teias de aranha, lixo e até uma colmeia de marimbondos estava grudada no telefone do km 8 da interligação entre a Anchieta e a Imigrantes.

No km 19 da Anchieta, após trecho de três quilômetros sem um telefone de emergência, o equipamento estava localizado exatamente onde existe uma saída de água. Mesmo em dia sem chuva, como na segunda-feira, quando a equipe de reportagem do Diário percorreu o trecho, o usuário molharia os pés se precisasse usar o serviço. Nesta mesma altura da rodovia, o mato foi cortado, mas largado no local, podendo ir para a pista se houvesse chuva forte. Mais à frente, no km 20 da rodovia, uma substituição de sinalização no solo malfeita confunde os motoristas sobre onde começa a área de acostamento.

Em diversos pontos, o guard-rail que evitaria que os veículos saíssem da pista em caso de colisão apresentam grande quantidade de ferrugem, colocando em dúvida a capacidade de cumprir com a sua função. Se faltam novas contenções em alguns pontos, o mesmo não pode ser dito de áreas de descanso, que foram reduzidas ou eliminadas, como no km 34 e km 33 da Imigrantes, sentido Capital, obrigando o condutor a parar apenas no acostamento.

Na altura do km 19 da Imigrantes, em área urbana de Diadema, lixo, entulho, restos de móveis e até um colchão estão jogados bem perto da rodovia, podendo ser atirados na via a qualquer momento, colocando em risco a vida de condutores.

A Ecovias disse que as “rodovias recebem, semanalmente, série de serviços de manutenção e conservação, que seguem rigorosos parâmetros técnicos  autorizados pela Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo)”. Sobre os telefones quebrados, a empresa disse que os reparos são feitos regularmente. “Os telefones são integrados ao centro de controle operacional da concessionária e, portanto, conseguimos identificar possíveis falhas em tempo real e solicitar manutenção. Ocorre que, infelizmente, a maior parte da indisponibilidade de equipamentos se dá por atos de vandalismo, que danificam a estrutura de tal maneira que exigem reparos complexos, muitas vezes, com a substituição completa de componentes.”

Com pedágio mais caro do País, Ecovias pede ajuda por perda durante a pandemia

Os problemas flagrados pelo Diário no SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), que colocam em risco a segurança dos motoristas, ocorrem em rodovias com o pedágio mais caro do Brasil, nas quais um carro de passeio paga R$ 28 nas principais praças.

No fim de 2020, mesmo com a pandemia, entre os dias 28 e 31 de dezembro, mais de 300 mil veículos seguiram para as cidades litorâneas. Considerando que todos fossem automóveis de passeio, em conta hipotética, a arrecadação do pedágio foi de pelo menos R$ 8,4 milhões.

Apesar do faturamento, a Ecorodovias, holding da Ecovias que controla mais de dez empresas concessionárias de rodovias, requereu ao Estado, em julho, reequilíbrio financeiro por supostas perdas na pandemia. A alegação era que com o isolamento da população diminuiu o tráfego de veículos. A Artesp (Agência Reguladora do Transporte do Estado de São Paulo) autorizou ressarcimento de R$ 1,6 bilhão, mas, dias depois, o órgão revogou a decisão a pedido do governo do Estado. Pouco depois, em reforma administrativa, o Palácio dos Bandeirantes tirou autonomia da Artesp e exigiu que qualquer valor pago a título de reequilíbrio financeiro precisa ser informado ao governo antes da concretização.

Sobre o valor do pedágio, a Ecovias disse que “as tarifas praticadas nas rodovias do SAI são estabelecidas pela Artesp de acordo com a base tarifária quilométrica, que determina o valor em reais cobrado por cada quilômetro percorrido”. A empresa ressalta que no SAI o pedágio é cobrado em apenas um sentido.  




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