Política Titulo Possível troca
Santa Casa de Birigui pode sair da gestão da saúde em Ribeirão

Secretário de Saúde anuncia abertura de licitação para escolha de outra organização social na cidade

Daniel Tossato
09/02/2021 | 04:20
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Em meio aos problemas financeiros da Prefeitura de Ribeirão Pires, o governo do prefeito Clóvis Volpi (PL) admitiu a possibilidade de encerrar o contrato com a Santa Casa de Birigui, entidade responsável por administrar os equipamentos de saúde na cidade, com exceção do hospital de campanha para tratar pacientes com Covid-19.

A intenção de cortar relações com a entidade foi sustentada pelo atual secretário de Saúde, Andrei da Rocha, que informou que chamamento público já está em andamento – o edital está disponível no site da Prefeitura. “Mantemos dois contratos junto à Santa Casa de Birigui e que vão até março. Já estamos em etapa de chamamento público e a entidade de saúde também pode participar. Se ela (Santa Casa de Birigui) estiver com os documentos em dia e apresentar uma boa proposta, pode participar (do certame)”, declarou Rocha.

Inicialmente, a Santa Casa foi contratada para gerir o Caps (Centro de Atenção Psicossocial), com acordo anual de R$ 4,8 milhões. Tempos depois, herdou vínculo que pertencia ao CEM (Centro Hospitalar de Atenção e Emergências Médicas) com valor de R$ 10,2 milhões ao ano. A Santa Casa, entretanto, manteve o serviço por R$ 7,6 milhões pelo período de 12 meses. No ano passado, a entidade de saúde recebeu R$ 9 milhões da gestão do ex-prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB).

Durante o ano passado, policiais civis e promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, cumpriram mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Raio X, que tinha como principal objetivo desmontas esquema de desvio de recursos públicos e em contratos com OSs (Organisações Sociais) de Saúde. À época, a ação envolveu Osvaldo Coca Moralis, funcionário da Santa Casa de Birigui que atuava em Ribeirão Pires.

Vereadores de oposição a Kiko, ainda no ano passado, assinaram pedido de abertura de CPI da Saúde, que visava investigar os contratos da cidade com a entidade. À época, o vereador Rato Teixeira (PTB), sobrinho de Kiko, que presidia o Legislativo, protelou a instauração da comissão.

Além disso, não era raro, ao longo dos dois últimos anos – a entidade foi contratada em 2018 – que a Santa Casa de Birigui atrasasse os salários dos funcionários que atuavam em Ribeirão Pires.

Segundo Rocha, a Secretaria de Saúde tem dívida de R$ 24 milhões e, durante pente-fino na pasta, foi descoberto que faltam insumos e que fornecedores estão deixando de atender o município por falta de pagamento. “A antiga gestão foi criminosa. Eles deixaram que 40 profissionais da área da saúde tirassem férias em conjunto, o que resultou em desfalque em alguns setores (em plena pandemia)”, apontou.

Volpi anunciou ter herdado o governo com dívida total de R$ 238,8 milhões, o que corresponde a 62% do orçamento municipal, estimado em R$ 372,8 milhões. Somente com restos a pagar (referentes a serviços recentemente executados e não pagos), o passivo é de R$ 87,3 milhões. O secretário de Finanças de Ribeirão, Eduardo Pacheco, estimou 20 anos para colocar a casa em ordem.  




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