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Preço do botijão sobe sete vezes mais que inflação no Grande ABC

Valor mínimo do insumo teve alta de 31,89% na comparação com janeiro do ano passado

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
15/01/2021 | 00:05
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Denis Maciel/DGABC


O gás de cozinha é item essencial e que vem pesando cada vez mais no bolso dos consumidores da região desde o ano passado. Com impacto do dólar e da disparada do petróleo, na comparação com janeiro de 2020, o preço do insumo aumentou até 31,89% – sete vezes o valor da inflação, de 4,52%, no ano passado, conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A partir de hoje, ocorre mais um acréscimo, de R$ 1, por causa das mudanças feitas pelo Estado no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) tabulados pelo Diário, a média do preço do botijão de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) nas seis cidades – não há números de Rio Grande da Serra – era de R$ 78,79 na última semana. Nos primeiros sete dias de janeiro de 2020, essa média era de R$ 70,40 (alta de 11,92%).

No entanto, em revendedoras da região, botijão de 13 quilos já chega a R$ 90 – alta de 12,9% em relação a igual período no ano passado, quando saía, no máximo, por R$ 80. Em 2020, o insumo era encontrado a partir de R$ 53 e, hoje, R$ 69,90 (alta de 31,89%).

Apesar de a alta ser grande, ainda tem a parte absorvida pelas revendas, que calculam que os sucessivos aumentos anunciados pela Petrobras em 2020 tenham impacto total de pelo menos 51,26% – 11 vezes mais que a inflação. Somente no fim do ano, a estatal anunciou alta de 6% em novembro e 5% em dezembro. Na última semana, o reajuste foi de 6%.

De acordo com a proprietária de revenda localizada na Rua Carijós, Vila Linda, em Santo André, Cida Calixto, o último repasse representou alta de R$ 2. “A gente nem sabe o que fazer. É um aumento atrás do outro. Fizemos o reajuste da Petrobras e, agora, também tem o do ICMS”, disse. “É impossível repassar tudo, porque senão o cliente também procura outras opções. E hoje a situação das famílias é a de contar moedas para vir comprar o gás”, disse ela, que sentiu incremento de 5% nas vendas para casas, desde o início da pandemia, montante insuficiente para compensar as quedas de pedidos em comércios e até mesmo de casas “que procuram economizar ao máximo”.

“Em janeiro, eu até pensei que ia ter um aumento no movimento, porque o pessoal não iria viajar, mas foi normal”, disse a proprietária de revenda na Avenida Dom Pedro I, em Santo André, Raquel Viana. “A gente não consegue repassar tudo o que vem porque está todo mundo desesperado. Eu mantenho toda uma estrutura e, além disso, também temos que lidar com os concorrentes clandestinos”, contou.

“Enquanto não houver uma abertura de mercado para que tenham mais players nas refinarias, apesar de o preço ser livre no comércio, vamos assistir a esse tipo de comportamento sempre que o câmbio subir”, disse o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

A Petrobras confirmou, em nota, o reajuste de 6% em janeiro, mas não detalhou os valores do ano passado. “Os preços de GLP seguem a dinâmica de commodities em economias abertas, tendo como referência o preço de paridade de importação, formado pelo valor do produto no mercado internacional, mais os custos que importadores teriam, também sendo influenciado pela taxa de câmbio.”

O Sindigás disse que os preços do GLP são livres, e que o valor médio do botijão no Brasil é de R$ 73,24. “Do total, R$ 32,49 correspondem à parcela da Petrobras; R$ 12,54 são tributos; R$ 9,74, da distribuição; e R$ 18,47, da revenda.” 




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