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Em ano de pandemia, Via Varejo valoriza suas ações em 48%

Na outra ponta, CVC Corp é a quinta pior e perde 50% em valor de mercado

Yara Ferraz
Do Diário Do Grande ABC
01/01/2021 | 08:23
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A pandemia do novo coronavírus mudou o rumo das quatro empresas de capital aberto sediadas no Grande ABC: CVC Corp em Santo André; Bombril e Tegma em São Bernardo; e Via Varejo em São Caetano. Em 2020, ano em que foi estabelecida rígida quarentena no fim de março e, com ela, houve a restrição da circulação de pessoas e do funcionamento de empresas a fim de evitar a propagação da Covid-19 – o que começou a flexibilizar parcialmente em junho –, cada uma das companhias foi impactada e respondeu de uma maneira.

Por um lado, a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia, Pontofrio e Extra.com, correu atrás de seu então ‘calcanhar de Aquiles’, o e-commerce, e investiu pesado para conquistar parcela da população que comprava de casa. O resultado foi valorização de 48% de suas ações, que encerraram o último pregão do ano vendidas a R$ 16,16 – em janeiro, era R$ 11,73. O valor de mercado estimado ao fim de 2020 era de R$ 25,81 bilhões, ou seja, em um ano, ganhou aproximadamente R$ 7,1 bilhões.

“Um dos principais pontos positivos da Via Varejo foi uma reformulação da companhia que intensificou o e-commerce, foi essencial nessa pandemia. Ela fez o dever de casa e uma reestruturação extremamente positiva, que foi muito bem-vista pelo mercado, o que refletiu no preço do ativo”, analisou o economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti.

O ano da Via Varejo foi marcado pela aquisição de startups, que passaram a integrar os negócios principalmente na área de logística e tecnologia, e inauguração de CDs (Centros de Distribuição). A empresa fez grande ofensiva no marketplace (empresas que passaram a vender no site de empresas do grupo, que faz a entrega) e saiu dos 4.700 lojistas cadastrados em 2019 para 8.000 no ano passado. Obteve lucro líquido de R$ 590 milhões no terceiro trimestre, sendo que no mesmo período de 2019 amargava prejuízo de R$ 346 milhões.

Na esteira das demandas acentuadas pela pandemia, a Bombril viu suas ações se valorizarem em 9%, aos R$ 2,20, devido à maior procura por itens de limpeza. Nem mesmo a polêmica com o produto Krespinha, retirado das prateleiras após acusações de racismo, atrapalhou os resultados. Com ganhos de R$ 44,3 milhões em 2020, seu valor de mercado hoje é estimado em R$ 575,7 milhões.

TOMBO
Na outra ponta, o impacto do novo coronavírus causou fortes estragos às finanças da gigante do turismo CVC Corp, que encerrou o ano figurando a lista das principais baixas, com o quinto pior desempenho na B3 e desvalorização de 50,02% dos papéis. A ação da empresa iniciou o ano valendo R$ 41,21 e, no último pregão de dezembro, chegou a R$ 20,58. Assim, seu valor de mercado começou 2020 em R$ 7,3 bilhões e encerrou em R$ 3,6 bilhões: perda de R$ 3,7 bilhões.

Além de a pandemia ter freado bruscamente o fluxo de viagens em todo o mundo, a companhia enfrentou também outros problemas, como a alta do dólar (que encerrou o último pregão cotado a R$ 5,18, mas em 2020 chegou a atingir R$ 5,90) e investigação de erros contábeis que respingaram diretamente na situação financeira. No balanço do terceiro trimestre, registrou prejuízo líquido de R$ 215,6 milhões, queda de 78,2% em relação ao mesmo período em 2019.

“Em dezembro, a CVC chegou a ter variação positiva impactada pelo início da vacinação em diversos países. O setor das aéreas depende muito da vacina, e em um momento relativamente mais otimista, tivemos investidores migrando de ativos mais seguros para os de risco. Ainda assim, o papel está muito desvalorizado e impactado pelas incertezas”, analisou Bertotti. “Trata-se de uma empresa que a curto prazo está bem comprometida. Apesar de a empresa estar focada em reestruturação (nas últimas semanas, orientou os funcionários a esvaziarem gavetas e anunciou mudanças com adoção definitiva de modelo híbrido), o que é positivo, a desvalorização foi muito grande.”

A Tegma Logística também amargou perdas ao longo do ano passado, e viu seu valor de mercado se reduzir em 26%, de R$ 2,48 bilhões para R$ 1,78 bilhão, baque de R$ 700 milhões. Sua ação, que começou 2020 negociada a R$ 37,65, terminou em R$ 26,97. Por transportar principalmente veículos, a companhia sentiu os reflexos da crise no setor automotivo; as montadoras paralisaram por pouco mais de um mês, sofreram com queda nas vendas internar e externas, ensaiaram reação nos últimos dois meses do ano mas, em dezembro, foram impactadas pela falta de insumos.
A receita líquida da Tegma no terceiro trimestre cresceu 122,2% em relação ao trimestre anterior, mas teve queda de 15,1% na comparação com 2019. O resultado líquido foi de R$ 29,9 milhões, revertendo prejuízo de R$ 4,4 milhões.

MAIS BAIXAS

Embora São Bernardo sedie hoje duas empresas de capital aberto, viu esse número ser reduzido pela metade no ano passado. Isso porque a Mangels mudou, em janeiro, sua matriz para Três Corações, em Minas Gerais. E a Fibam teve seu registro suspenso pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por não divulgar informações ao mercado há mais de um ano. 




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