Economia Titulo Mercado automotivo
Pandemia breca o sonho do carro novo

Pesquisa mostra que consumidor que pretende comprar carro zero tem medo de desemprego

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
24/06/2020 | 00:05
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


A maioria dos interessados em comprar um carro novo ainda pretende fazer a aquisição ainda neste ano. É isso que mostra a pesquisa de intenção de compra no cenário da pandemia de Covid-19, apresentada ontem pela Webmotors em parceria com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em evento on-line. Porém, a questão financeira tem peso ainda maior neste momento, quando há o temor do desemprego na saída da crise causada pela pandemia. Além disso, o dólar em alta impacta diretamente nos preços finais dos veículos, o que coloca as montadoras diante de série de desafios.

A empresa de tecnologia especialista na compra e venda de veículos fez pesquisa com base em aproximadamente 1.600 visitantes da Webmotors em maio. A maioria (89%) afirmou que pretende trocar de carro neste ano. Dos 11% restantes, a incerteza financeira foi apontada como a principal preocupação (57%).

Porém, para 45% dos que têm carro novo no horizonte –_a maioria –, os principais impeditivos para adquirir o veículo são as questões financeiras. Além da incerteza com relação ao lado financeiro ou o desemprego, aparecerem outras questões consideradas importantes, como melhores condições de pagamento e alto valor de entrada para o financiamento (veja mais na arte ao lado). “Os resultados da pesquisa apontam saídas para ajudar o consumidor a concretizar a compra do carro novo”, disse o CEO da Webmotors, Eduardo Jurcevic.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, afirmou que um dos principais desafios que a indústria enfrenta é ofercerer condições e preços mais atrativos em momento de baixo volume, como o atual. “A decisão é de cada montadora, porque cada uma sabe a sua dor. E podemos ver que há decisões diferentes, dependendo do modelo e estratégias de cada montadora em relação aos seus concorrentes. É uma equação difícil, e o pessoal de financeiro e de vendas está quebrando a cabeça para pensar em uma solução, que muitas vezes deve ser pensada mês a mês”, disse.

Além da queda na produção, ociosidade e altos estoques, as montadoras sofrem com a alta do dólar. Como exemplo há o caso da GM (General Motors), que possui fábrica em São Caetano e recentemente anunciou que vai parar de produzir as versões de entrada, que são mais baratas e apresentam maior dificuldade para repasse de custos. O Diário questionou a empresa sobre mais informações e impactos na unidade, mas a GM preferiu não se posicionar.

De acordo com Moraes, as montadoras trabalham com foco no consumidor, na rede de concessionárias e na saúde financeira das próprias empresas. “Pode ser que para determinados modelos não tenha solução, o preço vai ter que aumentar, mas em outros se pode flexibilizar. Mas se o dólar se mantiver nesse nível fica difícil evitar qualquer repasse, não só nas peças que importamos, mas também nas que nossos fornecedores importam. Quando se olha toda a cadeia,o impacto é importante.”

O economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, afirmou que a pesquisa captura um sentimento de proteção na pandemia. “Nós vamos ter pela frente uma recessão muito forte. O pior trimestre é o que estamos vivendo, mas as consequências serão sentidas na frente.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;