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Cidades apertam cerco contra descarte irregular de lixo durante a quarentena

Santo André aplicou multa de R$ 20 mil em construtor no início do mês

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
23/06/2020 | 00:30
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Claudinei Plaza/DGABC


O descarte irregular de lixo é problema crônico no Grande ABC, que conta com diversos pontos viciados, ou seja, locais que a população elegeu para descartar dejetos, mas que não são preparados para isso. Santo André, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires viram a situação aumentar durante a quarentena, quando as pessoas estão mais em casa.

Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) realizou nos últimos dias série de operações de combate ao descarte irregular de lixo em várias regiões da cidade. O último caso aconteceu no início do mês, durante trabalho de rotina, no qual a equipe flagrou operários de uma obra residencial no Jardim Cipreste descartando entulho dentro de um córrego localizado atrás do imóvel. A prática consiste em crime ambiental. O construtor responsável pela obra foi autuado em flagrante e recebeu multa no valor de R$ 20.653, tendo ainda que efetuar a limpeza do córrego.

Do início da pandemia até o momento, o Semasa emitiu 33 multas por descarte ou disposição irregular de resíduos. Ainda segundo a autarquia, grande parte dos pontos viciados está situada em áreas de divisa com São Bernardo, Mauá e São Paulo, em locais periféricos, próximos a núcleos e terrenos baldios, como Cidade São Jorge e Centreville.

Mauá identificou 50 pontos de descarte irregular. A administração explicou que está elaborando projeto de recuperação destas áreas e que os locais são limpos semanalmente. Ainda de acordo com a Prefeitura, o número de descarte dobrou nas últimas semanas e em bairros que não tinham ainda registrado ocorrências.

Ribeirão Pires informou que houve aumento significativo de ocorrências desde o início da quarentena, porém, não mensurou a quantidade de notificações emitidas. Em nota, a administração explicou que os pontos com mais registros são Jardim da Paz e Represa.

Em São Caetano, a Prefeitura disse que, de março a maio, foram limpos 162 pontos e os bairros mais afetados são Fundação, São José e Centro. São Bernardo disse que não houve notificações do tipo neste ano, mas de março a junho de 2019 foram 62 registros. Diadema também não recebeu denúncias de descartes irregulares de lixo comum e não informou se há pontos viciados na cidade. 

Rio Grande da Serra não respondeu aos questionamentos feitos pelo Diário.

INFECTANTE
No início do mês, na Estrada Humberto Rebizzi, em Rio Grande da Serra, foi encontrado descarte de lixo hospitalar, após denúncia anônima de morador. No local, estavam seringas, remédios e demais itens usados em centros médicos. O material passou por análise e foi constatado que pertencia a uma empresa que realizava atendimento hospitalar em domicílio. A empresa agora responderá processo sanitário com supervisão da vigilância estadual.

Bióloga alerta sobre o risco de contaminação e enchentes

A bióloga, especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes aponta os problemas que causam o descarte inadequado do lixo nas cidades.

“Além das enchentes, podemos citar que qualquer item jogado pode servir de abrigo para agente transmissor de doenças, desde micro-organismos até insetos e roedores menores, o que, além de contaminar o local em que está jogado, também prejudica as regiões por perto”, detalha Marta Ângela.

A especialista avalia como previsível o aumento do dercarte irregular pela população durante a quarentena. “Já sabíamos que isso (descarte) era importante, agora, durante a pandemia, com mais lixo produzido em casa e em hospitais, é fundamental (acompanhamento mais de perto das prefeituras)”, cobra.

Na opinião da especialista, os aterros sanitários deviam receber apenas os resíduos que não têm possibilidade de reciclagem, como lixos de banheiros e de comidas.
Marta Ângela lembra que, atualmente, muitas pessoas estão fragilizadas pelos reflexos da quarentena com imunidade baixa, o que é agravante adicional. “Este problema é de saúde pública e coletiva, onde dependemos do poder público, das empresas, mas também de nós, a comunidade. O comprometimento é de todos e é necessário reforçar que é um crime (jogar lixo em local indevido)”, finaliza.




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