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Cemitério em Najaf vira campo de guerra
Da AFP
27/05/2004 | 09:12
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O cemitério da cidade santa xiita de Najaf, no Iraque, um dos maiores e mais antigos do mundo, virou um campo de batalha nos últimos dias entre soldados partidários do clérigo radical Moqtada al-Sadr e o Exército dos Estados Unidos.

Uma parte do muro externo do local foi destruída pelos bombardeios noturnos das tropas norte-americanas contra os milicianos entrincheirados no cemitério milenar de ‘Wadi Al Salam’ (Vale da Paz), onde estão enterrados dois milhões de xiitas.

Algumas sepulturas viraram montanhas de escombros. Em uma área próxima ao centro da cidade, os obuses abriram enormes buracos nos mausoléus. "Uma área de 500 metros quadrados no cemitério foi transformada em matadouro para os vivos e os mortos", declarou Qais al-Jazaali, um dos colaboradores de Moqtada al-Sadr.

Há mais de um mês, os integrantes da milícia de al-Sadr, o Exército de Mehdi, utilizam o cemitério como base para os disparos de morteiro e foguetes antitanque contra os blindados e os soldados americanos instalados nos arredores da Praça da Revolução de 1920.

As portas dos mausoléus foram forçadas para servir de abrigo aos combatentes ou como depósito de armas. Os tanques americanos invadiram o local pelo norte para expulsar os milicianos.

Dezenas de milicianos do Exército de Mehdi morreram durante os confrontos com as tropas americanas na madrugada de quarta-feira, informou o general Mark Kimmitt. Na madrugada desta quinta-feira, o Exército dos Estados Unidos e os rebeldes chegaram a um acordo de trégua, que inclui a retirada das tropas do clérigo de Najaf.

Autoridades americanas afirmaram que o acordo também inclui as cidades de Kerbala (110 km ao sul de Bagdá) e Kufa, vizinha de Najaf, mas isto não foi confirmado pelo lado xiita. Os xiitas de todo o planeta sonham em ser enterrados em Najaf, 170 km ao sul de Bagdá, nas imediações do mausoléu de Ali, primeiro imã do xiismo e quarto califa, para receber sua bênção.

Segundo a tradição, a tumba de Ali (assassinado no ano 661 perto de Najaf) permaneceu secreta para preservá-la dos califas omeias, inimigos de sua sucessão, até que foi descoberta no século IX pelo califa abácida Harun al-Rashid.

O mausoléu, um dos locais santos do xiismo, foi atingido na terça-feira por um obus de morteiro. A parte superior de uma das portas cobertas de ouro ficou danificada.




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