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FHC critica diferença entre taxa básica e juro de bancos
Por Do Diário do Grande ABC
02/08/1999 | 20:44
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O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou uma solenidade nesta segunda no Palácio do Planalto, sobre a criaçao de uma sociedade de micro-crédito, para atacar o diferencial existente atualmente entre os juros básicos da economia e os praticados nos empréstimos bancários. A questao, segundo Fernando Henrique, tem se tornado uma das maiores preocupaçoes do presidente do BC, Armínio Fraga Neto. Ele, no entanto, admitiu que o problema será resolvido somente com uma mudança nas burocracias dos bancos e com a própria queda dos juros básicos da economia.

O próprio presidente do BC disse, durante a solenidade, que a taxa de inadimplência nas operaçoes de micro-crédito sao extremamente reduzidas. Ele atribuiu isso ao fato de estes empréstimos estarem muito enraizados nas comunidades onde sao realizados.

O ideal, segundo Fraga, era que este sistema fosse transferido para um nível mais macro e garantisse, com isso, uma reduçao dos juros dos empréstimos bancários como um todo. O presidente do BC lembrou que os juros das operaçoes de micro-crédito sao menores que as praticadas em mercado.

O BC, ao mesmo tempo, revelou que já está fazendo um estudo sobre as razoes da existência deste diferencial entre o juro básico da economia e os cobrados nas operaçoes de crédito do sistema financeiro.

Estudo - O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, comentou, via assessoria de imprensa do banco, que o estudo já detectou qual a principal razao do diferencial. Os juros dos empréstimos, em geral, sao muito maiores que os juros básicos da economia.

A inadimplência, segundo o diretor do BC, responde por 70% do problema, enquanto que a incidência de impostos e compulsórios pelos demais 30%. Diante deste dado, o BC, de acordo com Figueiredo, resolveu aprofundar a análise da inadimplência e descobrir em que tipo de operaçao de crédito se concentra mais.

O diretor do BC informou que há o interesse de se saber se estas operaçoes retornam ao sistema e, se retornam, em que prazo isto costuma acontecer. Os estudos, segundo Figueiredo, ainda têm caráter preliminar e nao sao conclusivos. O presidente do BC já adiantou, na semana passada, que os estudos só devem terminar num prazo de 12 a 18 meses.

Os bancos, normalmente, optam por praticar taxas mais altas que os juros básicos da economia sancionados pelo BC para justamente se previnirem da inadimplência dando maior seletividade ao crédito.

Uma alternativa ao problema seria dar ao sistema financeiro outros instrumentos que garantam maior proteçao contra os atrasos nos empréstimos concedidos a sua clientela e, com isso, abrirem mao dos juros elevados.

Estima-se, atualmente, que os juros dos empréstimos bancários sao atualmente superiores a 100%, enquanto os juros da economia está em apenas 19,5% ao ano.

De acordo com os últimos dados divulgados pelo BC, a inadimplência dos empréstimos do sistema financeiro estava em 8 9% em maio.No sistema financeiro público a inadimplência é muito mais elevada. No mês de maio ela atingiu 11,6%, enquanto que o nível de inadimplência do sistema financeiro privado foi de 5 4%. As provisoes feitas para suportar essa nível de inadimplência atingiram 13,7% nos bancos públicos e 9,1% nos bancos privados.




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