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Evolução médica salva calendário cheio
Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
19/12/2019 | 06:19
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Celso Luiz/DGABC


A temporada 2019 do futebol brasileiro acaba sábado, com o duelo entre Flamengo e Liverpool, na final do Mundial de Clubes. Será o 76º jogo do Rubro-Negro no ano, mesmo número de partidas disputadas pelo Atlético-MG. Quem aparece em primeiro lugar na lista é o Corinthians, com 79 compromissos, média de quase um duelo a cada cinco dias – o cálculo foi feito sem contar que em janeiro e dezembro o time quase não joga e, entre junho e julho, houve pausa no calendário para a Copa América. Tais dados refletem diretamente no planejamento dos clubes, fazendo as comissões técnicas e departamentos médicos quebrarem as cabeças para poder ter sempre o melhor elenco à disposição. Para lidar com isso da melhor forma, a unânime palavra-chave é: prevenção.

Levantamento realizado pelo quarto ano seguido pelo site globoesporte.com aponta que, entre 1º de janeiro e 16 de dezembro, o Santos foi o clube com o menor número de jogadores no departamento médico, com apenas 18 casos.

Uma reformulação realizada pelo Peixe no setor pode ser um dos motivos para o número ter baixado tanto com relação ao mesmo período do ano anterior, quando teve 47 atletas lesionados na temporada. No total, somando os 20 clubes da Série A do Brasileiro, foram 704 lesões, contra 823 em 2018, queda de 17% nos casos.

Um dos profissionais levados pelos santistas foi o médico andreense Fábio Novi, ex-Ramalhão. Junto de outras 11 pessoas, integra o time formado por médicos, fisioterapeutas, fisiologista, nutricionista (Alessandra Favano, ex-Santo André e Palmeiras), enfermeiros e massagistas, que tem apoio de preparadores físicos, treinador e elenco.

“Estes números são resultado de um departamento médico forte, que foi completamente reestruturado este ano pelo comitê gestor do clube e montado para que isso acontecesse”, explicou Fábio Novi. “É um trabalho de união entre todos os setores e uma vitória de todos”, celebrou o médico, que ressaltou a integração do ex-técnico Jorge Sampaoli no processo. “Ele sempre teve participação ativa, ia todos os dias ao departamento médico.”

Com elenco menos numeroso do que Flamengo e Palmeiras, os endinheirados rivais diretos pelo título, o Santos necessitou ter seus melhores atletas sempre à disposição do treinador argentino. E os números (veja a tabela abaixo) apontam que o departamento médico vazio foi um dos motivos que ajudaram o Peixe na conquista do vice-campeonato nacional – em 2018, o Peixe terminou na décima posição, com 50 pontos, 24 a menos dos conquistados nesta temporada. “Todos os poucos jogadores que passaram por lá elogiaram o trabalho. Gustavo Henrique, Diego Pituca... Eles acreditaram no departamento médico”, endossou Fábio Novi, que negou qualquer segredo e citou a palavra mágica. “É prevenção.”

Por outro lado, o departamento médico cheio tirou da Chapecoense mais armas na luta contra o rebaixamento. O time catarinense, degolado pela primeira vez na Série A, alcançou incríveis 69 atletas lesionados em 2019, 20 a mais do que o Corinthians, que terminou o Brasileirão na oitava posição.

Médico do EC São Bernardo, Natan Arnoni aprofundou o assunto. “O futebol passou por evolução. Antigamente existiam jogadores, hoje existem os atletas. Consequentemente, o número de lesões aumentou exponencialmente porque os atletas correm muito mais, exigem mais (do corpo) e os clubes tiveram de agir. As formas de prevenção, principalmente, evoluíram. Com isso, está diminuindo o número de lesões. Temos (na medicina esportiva) as partes curativa e preventiva. A mais importante hoje é a segunda”, declarou o profissional, que também trabalhou no São Bernardo FC.

Atualmente os clubes do Grande ABC estão em fase de pré-temporada, visando os campeonatos de 2020. Todos os atletas são submetidos a diversos exames e testes justamente para identificar possíveis problemas e minimizar riscos de surpresas desagradáveis. Obviamente que fatalidades acontecem, mas com a medicina cada vez mais evoluída, os jogadores passam por análises antes, durante e após treinos e jogos.

“Com essas avaliações completas pré-competição, como testes funcionais e avaliação isocinética, os atletas vão ter uma temporada melhor. Depois, é preciso manter (o cuidado) durante o ano, fazendo uma periodização, em um trabalho multidisciplinar, com envolvimento de toda a comissão técnica. Assim, consegue avaliar se o atleta está em risco de lesão, consegue proporcionar, através de aparelhos, a recuperação mais adequada para o próximo jogo e mais”, apontou Natan Arnoni.

A lista do site globoesporte.com mostrou que o volante Matheus Galdezani, no Internacional, foi o atleta que mais jogos perdeu na temporada (73), seguido do meia Gustavo Blanco, do Atlético-MG (69) e do polivalente Marcelo Oliveira, do Grêmio (58).
 




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