Economia Titulo
BMD segue retendo R$ 360 mi
Por Walter Wiegratz
Da Redaçao
04/05/1999 | 00:25
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Passado um ano da liquidaçao extrajudicial decretada pelo Banco Central, os correntistas do BMD (Banco Mercantil de Descontos) continuam sem poder sacar seus depósitos e investimentos. A quantia retida é estimada em R$ 360 milhoes pela Associaçao dos Correntistas e Aplicadores do BMD.

   Apesar de o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) já ter pago valores até R$ 20 mil aos correntistas, estimados em 57,6 mil na época da liquidaçao, existem atualmente cerca de 2,5 mil clientes que esperam para receber suas quantias aplicadas no BMD.

   Segundo José Eduardo Vitório, assessor jurídico do liquidante do BMD, o processo de liquidaçao, previsto na lei número 6.024 de 1974, que julga as habilitaçoes e débitos, ainda nao concluiu a formaçao do quadro geral de credores (entre eles aplicadores e correntistas), o que, por sua vez, tornará viável o desembolso do que está nos cofres do banco. "Esse processo nao tem prazo para ter um fim porque depende de atos de terceiros", afirmou Vitório.

   Além do banco, também estao sob intervençao as empresas de leasing, a financeira, a corretora e a distribuidora de valores do BMD. O liquidante também nao sabe precisar o montante exato do calote da instituiçao.

   Segundo o advogado Homero Cardoso Machado, que preside a associaçao, a esperança dos clientes, agora, está na transformaçao da liquidaçao extrajudicial em uma liquidaçao ordinária.   Tal artifício legal, garante Machado, daria aos correntistas "o direito de receber boa parte dos cerca de R$ 360 milhoes ainda retidos no BMD em dinheiro ou em ativos do banco".

   No entanto, ele está ciente de que o processo é demorado porque vai requerer também a transferência de créditos do banco para os correntistas.

   A demora é um entrave que pode consumir aos poucos o montante aplicado na instituiçao. Isso porque, de acordo com Machado, o BMD continua a manter uma estrutura de 200 funcionários, quando apenas 30 seriam necessários, além da equipe de interventores do BC, que consomem cerca de R$ 1,5 milhao por mês.   "Se o BC nao tomar uma atitude mais séria, nosso dinheiro pode ir sumindo aos poucos", diz o advogado, complementando que os correntistas podem vir a receber apenas 20% daquilo a que têm direito.

   O liquidante do BMD afirma que, embora nao saiba precisar o montante de funcionários, que oscila entre 100 e 200, tal número é o suficiente "para manter o funcionamento daquilo que está sendo administrado, minimizando custos e sem colocar em risco o patrimônio", e que as demissoes sao freqüentes e gradativas.

   O BMD foi liquidado em maio de 1998 depois de o BC constatar irregularidades no balanço do exercício anterior. O banco possuía três agências no Grande ABC.




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