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Demissão de professora de escola particular causa polêmica na internet

Docente fala em perseguição política; Liceu Jardim nega censura

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/11/2018 | 07:00
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O clima de acirramento político que toma conta da sociedade após as eleições tem motivado diversas polêmicas. A mais recente foi a demissão de professora de História do Colégio Liceu Jardim, tradicional estabelecimento de ensino de Santo André. Em publicação no Facebook, o colégio esclarece que a dispensa da docente ocorreu após a mesma alegar, na segunda-feira, falta de condições emocionais para dar aula devido ao resultado da eleição. Em resposta, Juliana Lopes também publicou na rede social comunicado alegando que foi desligada por pressão de pais de alunos, após ter declarado aos estudantes que não votaria no presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

O Colégio destaca que “não é prática da gestão nenhum tipo de censura e patrulhamento implicando na demissão de colaboradores, especialmente professores, motivada por posicionamento político ideológico”. A carta afirma que Juliana, que fazia parte do corpo docente desde 2016 e dava aulas para os anos finais do Ensino Fundamental e Médio, já havia sido advertida sobre a linha apartidária da escola, mas que pais e alunos haviam mencionado “excessos” durante suas aulas.

Juliana nega as acusações e afirma que apenas sinalizou aos alunos, após insistência dos mesmos, que em hipótese alguma votaria em Bolsonaro, “uma vez que seu projeto de País era excludente e, como ele mesmo diz, para as maiorias”, escreveu. A professora confirma que não deu aula um dia após a eleição devido a uma crise nervosa, mas que se justificou com a direção. Sobre o suposto excesso durante as aulas, a docente afirma que não procede a informação.“Não houve qualquer doutrinação. Os alunos são capazes de pensar por si próprios”, argumenta.

O Liceu Jardim finaliza o comunicado público reafirmando “a crença no papel do espaço escolar, como o ambiente propício para o debate e compreensão das grandes questões da contemporaneidade, objetivando formar cidadãos autônomos, isentos, tornando-os capazes de dimensionar e redimensionar o mundo por si mesmos.”

O Sinpro ABC (Sindicato dos Professores do ABC) emitiu nota de repúdio em relação à demissão. “O Sinpro ABC se solidariza à professora e repudia a atuação da instituição de ensino e dos pais, que inferiram no direito fundamental da liberdade de expressão, sendo a demissão um desrespeito à Constituição, à liberdade de cátedra e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996”. A entidade convocou protesto para terça-feira, em frente à escola. 




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