Política Titulo Fragilidade
Bancada regional fica longe de refletir potencial eleitoral do Grande ABC

Com 2 milhões de eleitores, sete cidades têm representatividade política abaixo do esperado; região chegou a eleger 13 parlamentares em 1994

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
12/11/2017 | 07:00
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Banco de Dados


Apesar do potencial eleitoral, os últimos pleitos a deputado indicaram que a força política do Grande ABC não tem se refletido nas urnas. Mesmo diante de um total de 2,068 milhões de eleitores, as sete cidades têm hoje, sem movimentos organizados, representatividade aquém de períodos passados e de outras localidades.

Atualmente, contabiliza seis deputados – apenas dois deles em Brasília –, embora nove candidatos tenham sido eleitos em 2014 (Vanessa Damo foi cassada, enquanto Orlando Morando, PSDB, e Atila Jacomussi, PSB, se elegeram prefeitos de São Bernardo e Mauá, respectivamente). Contudo, nem sempre o cenário foi esse. A região chegou a eleger 13 parlamentares em 1994, sendo cinco para Câmara Federal.

Na ocasião, há 23 anos, a região saltou de nove para 13 representantes – recorde até os dias atuais – justamente a partir de movimento criado em julho daquele ano: como interlocutor da sociedade civil, o Fórum pela Cidadania foi fundado, tendo como proposta inicial promover ideia da valorização política do Grande ABC. A atuação se deu após estudo apontar que 80% dos votos das sete cidades iam para candidatos de fora. Frente a essa constatação, surgiu o slogan Vote no Grande ABC, lançado pelo Diário. As entidades envolvidas promoveram série de debates, manifestações em vias públicas, formularam propostas setoriais, entre outras iniciativas.

O Fórum estava formado, na oportunidade, por cerca de 120 entidades regionais, entre sindicatos, associações comerciais e de bairro. Para a eleição seguinte, de 1998, houve movimento denominado Jornada Cívica, que criou a campanha Vote com Qualidade no Grande ABC. Entre as ações, uma passeata que reuniu 1.500 pessoas no Paço de Santo André, aderida em peso pela classe política. No pleito em questão, foram nove eleitos, sendo três federais. Então coordenador político do Fórum, Filipe dos Anjos relembra o que chamou de “atuação grandiosa”. “O trabalho iniciou-se para que pudéssemos colocar a região como ela deveria ser, representada diante do quilate econômico, político e social.”

A região de Campinas, por exemplo, tem 2,185 milhões de eleitores aptos a votar, índice parecido ao do Grande ABC. Em 2014, no entanto, elegeu 12 parlamentares – desses, seis são federais. O Alto Tietê, por sua vez, conta com 1,118 milhão de votantes, quase a metade da quantidade local, e conseguiu eleger oito deputados, sendo quatro assentos no Legislativo de Brasília. As regiões da Baixada Santista e do Vale do Ribeira com a presença conjunta de 1,332 milhão de votantes fecharam bancada de quatro parlamentares federais e três estaduais.

Filipe pontua que existia participação de todos os segmentos da sociedade, levantando as bandeiras do Grande ABC. “Era trabalho de rua, com cobrança em todas as instâncias. Hoje teria necessidade de retomar essa atuação iniciada, que por vários motivos ficou descaracterizada”. A última empreitada com força do Fórum aconteceu na eleição de 2002, quando contou até com peça publicitária. A região fez 12 deputados, sendo três ao Congresso.

Pré-candidatos a deputado em Santo André iniciaram busca para resgatar ideia parecida, visando reativar proposta de evitar votos em forasteiros. Hoje, a cidade contabiliza somente um representante, o deputado estadual Luiz Turco (PT). Os outros cinco parlamentares da região são ligados a São Bernardo.  




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