``Trata-se de um comunicado muito grave, que rechaçamos, pois, neste caso, Israel nao fez mais do que tentar solucionar um conflito e diminuir a tensao entre muçulmanos e cristaos', afirmou Levy à rádio pública.

O Vaticano acusou o governo israelense de incentivar a discórdia entre cristaos e muçulmanos, autorizando a construçao de uma mesquita junto à Basílica da Anunciaçao, em Nazaré, ao norte de Israel, onde, segundo a tradiçao crista, o arcanjo Gabriel anunciou à Maria a concepçao de Jesus.

Acusaçoes deste tipo jamais foram lançadas pela Santa Sé. ``Como a construçao desta mesquita foi alvo de um acordo conseguido pelo ministro da Segurança Interna (Shlomo Ben Ami), as acusaçoes carecem de fundamento e sao contrárias à verdade', acrescentou Levy.

O ministro se referia ao fato de que Ben Ami, que se encarregou do caso, assegurar ter conseguido o consentimento de cristaos e muçulmanos de Nazaré para proceder à construçao da mesquita. Levy expressou o desejo de que a visita do Papa, prevista para o final de março do ano que vem, nao seja cancelada em funçao disso.

O porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro, havia afirmado que ``a decisao do governo israelense abre caminho para a criaçao de futuros conflitos e tensoes entre as duas comunidades religiosas, a crista e a islâmica'.

``Acho que, neste caso, a autoridade política tem uma grande responsabilidade, pois, ao invés de estimular a unidade, está lançando bases para fomentar a divisao', acrescentou o porta-voz do Papa.

As igrejas em Israel, em Jerusalém-Leste e nos territórios palestinos ocupados, voltaram a abrir suas portas depois de dois dias de fechamento, em protesto contra a construçao da mesquita em Nazaré.

Um responsável do Patriarcado Latino nao excluiu, no entanto, que as igrejas voltem a adotar em breve novas medidas de protesto. Os islamitas de Nazaré colocaram a pedra fundamental desta polêmica mesquita, nesta terça-feira.